Teorias Sobre Cognição
Até agora vimos a parte técnica para a construção de multimídias. Vamos quebrar um pouco o ritmo e dar uma olhada nas teorias cognitivas para que estas nos ajudem a construir bons materiais nos diversos meios que estamos estudando ao longo deste curso.
Teoria da Carga Cognitiva
Aprendizagem multimédia
O ser humano adquire o seu conhecimento através dos sentidos. A combinação de vários sentidos produz experiências que possibilitam um maior potencial de aprendizagem.
Aprendizagem multimédia é feita a partir de palavras e imagens e como tal o objectivo principal do ensino multimédia deverá ser a utilização eficaz de palavras e imagens de modo a potenciar uma aprendizagem significativa.
A Teoria da Carga Cognitiva
Esta teoria debruça-se sobre o modo como os recursos cognitivos se focam e são usados durante a aprendizagem e resolução de problemas. (Chandler & Sweller, 1991).
Estudos centrados nas relações entre aprendizagem e resolução de problemas, evidenciavam que muitos procedimentos de aprendizagem e de resolução de problemas, encorajados pelos formatos instrutivos resultavam em atividades cognitivas afastadas dos objetivos explícitos da tarefa. A carga cognitiva gerada por atividades paralelas, irrelevantes, impedia a aquisição de competências.
O material instrucional pode agir como facilitador da aprendizagem na medida em que focar os recursos cognitivos para atividades relevantes para a aprendizagem, em vez de os dirigir através dos preliminares da aprendizagem. Muitos exemplos de formatos instrutivos consistem em fontes múltiplas de informação de referência mútua, que dispersam a atenção.
Outros exemplos, nenhum significado pode ser extraído de um diagrama em si e o texto (legenda) perde completamente o significado se isolado. Nestes casos para seguir as instruções, a atenção tem de focar-se na integração mental das duas fontes de informação, pois isoladas elas são ininteligíveis.
Uma aprendizagem significativa exige por parte do aluno empenho num processo cognitivo substancial, mas a sua capacidade de processamento é limitada. A primeira questão colocada quando se fala de aprendizagem a partir da instrução multimédia deverá ser. Como evitar a sobrecarga cognitiva?
A Sobrecarga cognitiva dá-se sempre que há um excesso de informação, condicionando-se assim a aprendizagem significativa.
A teoria da carga cognitiva (Mayer, 2001) assenta em 3 pressupostos:
- Canal Duplo: O ser humano possui dois canais distintos para o processamento de informação (visual e verbal).
- Capacidade Limitada: Há uma capacidade limitada de processamento de informação em cada canal.
- Processamento ativo: A aprendizagem requer um processamento cognitivo essencial em ambos os canais (Mayer 2001).
De acordo com o pressuposto 3 do Processamento Ativo são 5 os processos cognitivos necessários numa aprendizagem multimédia:
Abaixo pode-se observar um esquema de todo o processo cognitivo:
Durante o processo de aprendizado através de multimídias observa-se os processos cognitivos observados na tabela abaixo:
Tipo de Processamento | Definição |
Essencial |
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Incidental |
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Exploração Representacional |
|
Cenários de Sobrecarga Cognitiva
A – Sobrecarga de informação essencial num canal – A informação excede a capacidade cognitiva do canal visual.
Método de Redução – Mover informação do canal visual para o canal auditivo.
B – Sobrecarga de informação essencial em ambos os canais: Material conceptualmente complexo excede a capacidade cognitiva em ambos os canais
Métodos de redução – Segmentar – Selecionar, organizar e integrar permitindo autonomia no intervalo entre os segmentos.
OU
Na impossibilidade de segmentar dar instruções prévias sobre o sistema a aprender ( ex: nomes, comportamentos dos componentes, etc)
C – Sobrecarga por combinação de informação essencial com incidental – Quando a capacidade cognitiva é sobrecarregada pela adição de material incidental (supérfluo ou redundante).
Método de Redução – Eliminar a informação que apesar de interessante é supérflua e cansativa e eliminar redundâncias.
OU
Fornecer pistas para selecionar e organizar o material por exemplo: sublinhar palavras-chave e/ou selecionar imagens com recurso a setas.
A eficácia do processo na aprendizagem multimédia depende do equilíbrio entre as diferentes cargas.
Os sete princípios de Mayer:
- Princípio multimédia: os alunos aprendem melhor quando combinam palavras e imagens do que apenas palavras;
- Princípio de proximidade espacial: os alunos aprendem melhor sempre que palavras, texto e imagens correspondentes estão próximas umas das outras, já que facilitam a construção de um referencial de ligação;
- Princípio de proximidade temporal: quando palavras e imagens são apresentadas simultaneamente em vez de sucessivamente, os alunos aprendem mais facilmente;
- Princípio da coerência: os alunos aprendem mais significativamente sempre que palavras, imagens e sons apresentam uma relação entre si;
- Princípio de modalidade: os alunos aprendem mais facilmente, quando a informação verbal se estrutura em suporte áudio, em vez de suporte textual;
- Princípio de redundância: quando a apresentação multimédia combina, animação e narração, os alunos desenvolvem uma aprendizagem mais consistente;
- Princípio das diferenças individuais: alunos com poucos conhecimentos beneficiam mais de documentos multimédia, assim como alunos que apresentam boa orientação espacial.
Conclusão:
Os princípios teóricos aqui expostos, ajudarão na criação de material multimídia que sirva ao propósito de transmitir conhecimento e não de utilizar os recursos tecnológicos “apenas por usar” como é tão comum de se observar atualmente. A teoria de Richard Mayer é muito mais completa e profunda do que foi descrito aqui que é baseado no site “http://historiatic.yolasite.com/aprendizagem-multimedia-e-carga-cognitiva.php” que foi acessado em 21/01/2020.