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Aula 03 – Prática de Ensino a Computação II

Iluminação

Saber iluminar é um grande desafio e um diferencial muito grande entre fotógrafos no mercado. Cada passo da aprendizagem é fundamental para que você seja capaz de idealizar uma imagem fotográfica e concretizá-la após o clique da câmera. Uma boa luz com certeza fará toda a diferença na sua fotografia/filmagem.

Para se ter domínio da luz é muito importante que você pratique nas mais diferentes situações de iluminação, seja com luz natural ou artificial. Com a prática, você passará naturalmente a reconhecer quando uma cena fotográfica tem uma boa luz ou ainda saber modificar a luz existente para que o resultado saia mais parecido com o desejado.

Equipamentos de iluminação no estúdio

A partir de agora estudaremos situações um pouco mais complexas de cenas fotográficas. Vamos trabalhar no estúdio de fotografia. A principal característica de nosso estudo agora é compreender que não basta apenas controlar a câmera fotográfica; precisamos também controlar a luz na qual  queremos fotografar. E, ainda mais: não basta apenas acionar uma luz de um lado ou de outro; devemos modificá-la conforme o efeito desejado na cena. Com o controle da luz podemos criar vários efeitos, bem como as atmosferas de luz necessárias para se fazer uma imagem mais comunicativa. Veja que o estudo do posicionamento e a modificação da luz no estúdio permite ainda que você trabalhe em externas, onde a luz pode não ser a mais adequada e talvez até deva ser complementada. Ou ainda permite que você trabalhe com luz mista, que é quando utilizamos a luz natural mesclada com a luz artificial. Isso é muito comum, por exemplo, nos ensaios de moda comercial e editorial.

Com esse pensamento voltado para a iluminação na fotografia, vamos analisar uma situação-problema sobre as possibilidades de trabalho fotográfico para um grupo musical. É uma situação que pode muito bem acontecer com qualquer fotógrafo. Um grupo contrata você para realizar as fotografias que vão ilustrar o novo CD de músicas. E, nesse caso, uma das ideias do grupo é compor uma imagem muito parecida com a que apresentamos a seguir:

Imagem Motivadora
Imagem Motivadora

Veja bem, o tema da música fala da luz da manhã no campo e da água fervendo, passando pelo coador de café feito em fogão à lenha. Observe a imagem atentamente. Não é necessário reproduzi-la, apenas imaginar suas possibilidades. Como foi criada essa atmosfera? A foto foi iluminada com a luz natural de uma janela ou porta aberta ou poderia ser luz artificial? Podemos considerar que nessa cena há luz mista? A imagem indica que a água está quente?

Nesta seção, vamos estudar como podemos criar atmosferas parecidas como a da situação descrita, conhecer mais de perto as fontes de luz naturais e artificiais e compreender como mesclar a luz (luz mista) e modificar sua qualidade através dos diferentes acessórios para iluminação.

Vamos estudar como podemos criar atmosferas parecidas como a da situação descrita, conhecer mais de perto as fontes de luz naturais e artificiais e compreender como mesclar a luz (luz mista) e modificar sua qualidade através dos diferentes acessórios para iluminação.

Tamanho de um estúdio fotográfico

Estúdio Fotográfico
Estúdio Fotográfico

Um estúdio difere muito em termos de tamanho e de estrutura em função do tipo de fotografia que ali se pratica. Há diversas finalidades, e cada uma delas requer planejamento para se atingir seus objetivos. Em um estúdio grande (e oneroso) podemos realizar qualquer tipo de fotografia. Mas nem todo tipo de trabalho poderá ser feito em um pequeno. O custo operacional tem que ser levado em conta.

Os tipos de recursos que um estúdio pode precisar estão diretamente ligados ao tipo de fotografia. Moda, por exemplo, é um estúdio que acomoda muitas pessoas (modelos, maquiadores, designers de moda, cabeleireiros, etc.), recepção, local para organização das roupas, local para maquiagem, vestiário, banheiros, cozinha, etc., além de todo o material de iluminação, equipamento fotográfico e tratamento de imagens. O mais importante é o tamanho do estúdio em si; o espaço destinado a montagem da iluminação e recuo (espaço mínimo entre a câmera e o retratado) necessário para se fotografar é primordial. Também a altura do teto fará diferença, pois, dependendo da distância e da altura do modelo, o teto aparecerá na fotografia.

Estúdios menores são mais fáceis de serem implementados, pois o espaço e os recursos necessários são bem menores, além do que o custo operacional também é diferente. É o caso de estúdio que fotografa pequenos objetos, como joias, artigos de maquiagem, etc. – podendo ser implementado até em uma sala ou garagem residencial.

Lembre-se de que, seja qual for o tamanho do estúdio, é fundamental que este conte com instalação elétrica adequada, projetada por um profissional competente, pois o custo de reparo do material de iluminação é dispendioso, e você pode sofrer danos em seus equipamentos e na rede elétrica do estúdio se esta não estiver adequadamente dimensionada para os equipamentos que serão usados ao mesmo tempo – este é um tópico importantíssimo para a segurança no estúdio.

Um estúdio de gastronomia, ao contrário do que parece, não é tão pequeno. Além do espaço e do equipamento para se fotografar, é necessário espaço para utensílios de cozinha diversos, cozinha para se produzir, ar-condicionado, etc., além de um teto alto para as fotografias vistas de cima.

Dependendo do tamanho e do ramo de atividade em que o fotógrafo atua, o estúdio também precisa ter assistentes, espaço para acomodar o equipamento de iluminação, equipamento fotográfico, computador para pós-produção, etc.

Equipamentos de iluminação

Há uma infinidade de equipamentos disponíveis no mercado para iluminação. Alguns deles são mais comuns, enquanto outros têm uso mais específico. A princípio, temos os tripés, as fontes de luz e seus modificadores. Vamos ver os principais:

Equipamentos de um Estúdio Fotográfico
Equipamentos de um Estúdio Fotográfico*

*Lembramos que essa parte introdutória tem uma visão genérica de fotografia, nossa intenção é obter conhecimento para montar um estúdio para filmar aulas e os equipamentos serão diferentes dos citados aqui.

Mais Equipamentos de Estúdio Fotográfico
Mais Equipamentos de Estúdio Fotográfico

Nas figuras acima podemos perceber os diversos tipos de tripés sustentando os dispositivos de luz. Mais à esquerda (atrás do fotógrafo na acima da anterior) há um tripé girafa, sustentando ao alto uma tocha de flash, e ao fundo há dois softbox grandes (chamado de softbox strip) com grade. Na figura anterior, na tocha do lado esquerdo está montada uma sombrinha que torna a luz mais difusa e suave; e na tocha do lado direito está um refletor, conhecido como “panela”.

  • Tripés de iluminação: apresentam-se em diferentes alturas, e os mais utilizados são em alumínio.
  • Girafas: são tripés que possuem uma articulação que permite que a luz seja elevada ou abaixada e fique bem em cima ou bem abaixo do objeto fotografado.
  • Tochas de flash: são dispositivos que geralmente contêm uma luz contínua, chamada de luz de modelagem (que é acesa, se desejado), e a luz de flash (acende por um breve intervalo de tempo). São diferenciadas por sua potência (Watts), podendo variar entre 50 w até 600 w aproximadamente. É importante conhecer suas especificações técnicas.
  • Geradores: são conjuntos de iluminação, geralmente de três tochas simplificadas. A eletrônica em si encontra-se no gerador em si, onde estão os controles e os conectores para os cabos que ligam as tochas e os ajustes para as diferentes configurações de potência dessas tochas. No caso dos equipamentos de luz contínua, podemos encontrar diversos modelos com luzes fluorescentes, tungstênio ou Led, o que possibilita escolher, além do tamanho e da potência, a temperatura de cor que se quer.
  • Tochas de luz contínua: são dispositivos que contam com luz contínua proveniente de luz de tungstênio. Fornecidas comumente em potências entre 100 w a 1.000 w (há potências bem maiores), não são tão caras quanto as tochas de flash.
  • Fresnel: são dispositivos de luz contínua também entre 100 w a 1.000 w (há maiores) montadas atrás de uma lente que concentra os raios de luz.
  • Painéis de LED: são dispositivos bem mais caros do que os de luz contínua, usando luz de tungstênio. Fornecem uma luz um pouco mais difusa (dependendo do tamanho do painel), porém geralmente com um controle de cor, dando mais precisão à cor geral da cena.
Softbox, Fresnel e Beauty Dish
Softbox, Fresnel e Beauty Dish
  • Softbox: disponível em vários tamanhos, estes acessórios modificam o tamanho da fonte de luz. Basicamente é o tamanho do tecido branco que se torna a fonte de luz. Tamanhos maiores deixam a luz mais difusa. São desmontáveis e possuem um pequeno recuo para projeção e adição de acessório (grelha ou grade).
  • Refletor: em uma infinidade de tamanhos e finalidades, os refletores (também chamados de refletor parabólico ou panela) podem ser simples, com encaixe para uma colmeia, ou mais elaborados e maiores, como o Beauty Dish.
  • Sombrinha: possuem diversos tamanhos e podem ter a parte interna em branco, prata ou dourada. Também existem sombrinhas translúcidas, que produzem uma luz mais difusa.
Sombrinha e Refletor
Sombrinha e Refletor
  • Rebatedor: são estruturas dobráveis que refletem a luz (branco, prata e dourado), além de servir de luz difusa (translúcido). Também podem absorver e bloquear a luz no lado preto.
  • Mesa de still: uma mesa com material plástico leitoso (geralmente PVC) com dobra suave ao fundo, formando um fundo infinito, para se colocar produtos e fotografar.
  • Cabos diversos de energia e cabo de sincronismo: úteis para se posicionar a iluminação em qualquer lugar no estúdio.
Mesa Still com um Modelo e Duas Softbox Iluminando
Mesa Still com um Modelo e Duas Softbox Iluminando

Luz natural e luz artificial

Na fotografia podemos utilizar tanto a luz natural quanto a luz artificial. Para a luz natural temos nosso maior exemplo, que é a luz do Sol. “[…] é composta por sete cores que constituem o espectro solar” (TRIGO, 2003,p. 22). O percurso dessa luz é modificado quando chega ao solo devido às características atmosféricas da Terra. Portanto, possui uma cor variável entre o mais azulado ao mais amarelado ao longo do dia (temperatura de cor, como já vimos). Temos que ter isso em mente quando a cor for um fator primordial na fotografia. Geralmente modificamos a luz natural para torná-la mais suave, quando utilizamos algum tipo de difusor de luz translúcido (tecido branco de um rebatedor).

A luz artificial, originária de lâmpadas de diferentes fabricações e tipos, tem diferentes temperaturas de cor: tungstênio mais amareladas, fluorescentes (muitos modelos com diferentes colorações, mas geralmente são mais esverdeadas), lâmpadas de flash, com temperatura de cor mais estável. Também são bastante modificáveis pelos recursos do estúdio.

Geralmente, quando trabalhamos em estúdio, usamos apenas luz artificial, mas nada impede que um estúdio possua um teto modificável para se trabalhar com a luz natural. Há diversos estúdios que possuem o recurso. Temos também a possibilidade de ir a campo nos ensaios com modelo, por exemplo, e utilizar a luz natural. Porém, nem sempre é o ideal, e às vezes é necessário complementar a luz natural com artificial para criar uma atmosfera diferente.

Fontes mistas de luz
Fontes mistas de luz

A figura acima é um exemplo do uso de luz mista: o fotógrafo, usando a  luz natural proveniente de uma grande janela à esquerda, quebra parte do contraste da cena com uma luz artificial (flash com softbox). Do contrário, o lado direito da cena pareceria mais escuro.

Luz artificial

Temos a possibilidade de utilizar diversas fontes de luz no estúdio. O mais importante é modificá-las como desejamos. Tanto a luz natural quanto a luz artificial podem ser duras (com sombras mais marcadas) ou mais suaves (com sombras menos marcadas e mais gradual). Vamos analisar mais de perto:

Contraste e qualidade da luz (dura ou suave)
Contraste e qualidade da luz (dura ou suave)

Vamos supor que você distribua a iluminação de forma a obter resultados diferentes:

A esquerda uma imagem com baixo contraste e a direita uma imagem com alto contraste
A esquerda uma imagem com baixo contraste e a direita uma imagem com alto contraste

Na figura com baixo contraste, a imagem é predominantemente clara e apresenta pouco contraste, ou seja, mesmo o que é mais claro nela não é totalmente claro, nem totalmente escuro. A iluminação é mais distribuída, suave e sem sombras marcadas. Podemos perceber que foi utilizado possivelmente um softbox grande acima, pois as sombras quase não existem. Já na figura com alto contraste, a iluminação é mais dura, com sombras mais marcadas, com menos tons entre as áreas claras e escuras da imagem. Nesse caso, a iluminação pode ser obtida com duas fontes de luz colocadas acima e um pouco distantes uma da outra, como vemos no brilho especular dos tomates.

Segundo Folts, Lovell e Zwahlen Jr. (2011, p. 161), “contraste da iluminação é a diferença nos níveis de iluminação entre áreas do objeto totalmente iluminada (altas-luzes) e áreas indiretamente iluminadas (baixas-luxes)”. Observe no contrate da figura Luz dura que a passagem da luz é mais dura (o que é claro passa rapidamente a escuro e vice-versa), com pouca gradação ou variação tonal entre o claro e o escuro. Nesse caso, a luz revela mais a musculatura, ou seja, os volumes do modelo. Ela cria uma atmosfera mais densa e forte. Também se trata de uma imagem que na língua inglesa é chamada de low-key, ou seja, tem predominância do preto, uma foto predominantemente escura. Assim, a iluminação pode ser obtida a partir de três fontes de luz: duas pequenas e laterais – a do lado esquerdo é menos intensa (não há perda de textura), enquanto que a da direita tem intensidade maior, provocando perda de textura de pele – e uma terceira fonte de luz, bem pequena e muito suave, que faz com que a parte frontal do modelo seja visível (é possível ver um pequeno ponto de luz abaixo nos olhos do modelo).

Já na figura Luz suave, a luz é mais suave ou difusa, permitindo que o gradiente entre uma coisa e outra seja bem mais suave, ou seja, há uma gradação, com vários tons intermediários, entre os claros e os escuros da imagem. Ela cria uma atmosfera mais suave. De forma contrária, podemos afirmar que a imagem é predominantemente clara, ou no inglês high-key, ou seja, não tem muita coisa no escuro. A iluminação aqui pode ser obtida com uma grande fonte de luz de um softbox à esquerda e acima da modelo. A quebra do contraste pode ser obtida com um rebatedor muito próximo ou outra fonte de luz também muito grande lateralmente, do lado direito do modelo, pois o que seria sombra (na orelha da modelo, por exemplo) está bem visível. Veja que nos dois casos, o fundo preto ou branco é quem dá a predominância.

Luz dura e Luz suave ou difusa
Luz dura e Luz suave ou difusa

“A intensidade é a quantidade de luz que alcança o objeto. É aquilo que o seu fotômetro mede. Se você fizer medições cuidadosas, a intensidade da luz não deve afetar o brilho ou a nitidez da sua cópia final, porque a velocidade do obturador e a abertura da lente serão ajustadas de acordo com os níveis de luz. […] A intensidade da luz e a velocidade do filme [ou sensor digital, ou seja, o ISO] determinam as velocidades do obturador e aberturas de lente que você pode usar. Portanto, a intensidade da luz tem um impacto indireto, porém definitivo, na profundidade de campo e na capacidade do obturador de capturar o movimento. (FOLTS;LOVELL; ZWAHLEN JR., 2011, p. 161)”

Outras questões estão envolvidas no que diz respeito a iluminação, tal como a cor da fonte de luz, conforme estudamos em temperatura de cor. A direção da luz é mais outro fator importante, pois ela determina onde será projetada a luz e a sombra do objeto, o que afeta o aspecto da textura e o volume (a forma) na cena. Observe a direção da luz nas figuras abaixo, a seguir, onde temos apenas uma única fonte de luz. Veja como a textura e os volumes são construídos nos dois retratos, apenas com uma pequena alteração no posicionamento da luz.

Luz em diferentes direções
Luz em diferentes direções

Luz contínua versus a luz de flash no estúdio

Na fotografia no estúdio, podemos optar por luz contínua (também usada na produção de vídeo) e pela luz de flash. Seus aspectos principais podem ser úteis ou não, dependendo do tipo de fotografia que será feita. A luz contínua pode ser obtida a partir de diferentes fontes de luz, como luz de vela, a luz de tungstênio, fluorescente, LED, lâmpada de vapor de mercúrio, HMI, etc.

Na iluminação com luz contínua, temos prós e contras:

  • Prós: conhecemos antecipadamente o resultado da iluminação e das sombras que a luz está produzindo na cena. Em princípio, erramos menos no foco. É possível trabalhar com várias velocidades de obturador na câmera. Não é necessário cabo de sincronismo, etc.
  • Contras: necessita de rede elétrica adequada no estúdio (grande consumo). As lâmpadas emitem muito calor, aquecem muito o estúdio (isso ocorre bem menos quando usamos luz fluorescentes ou painéis LED). Dificuldade de manuseio devido ao aquecimento e, dependendo da atividade do estúdio, ao calor prejudica a proximidade com o objeto fotografado, e, por isso, faz-se necessário o uso de ar-condicionado. Não é simples controlar a intensidade da luz (o que pode ser feito com uso de filtros, alteração da distância entre a luz e o objeto), entre outros.

Quando usamos luz de flash:

  • Prós: flexibilidade na hora de iluminar, dada a grande linha de acessórios; intensidade de luz em pequeno tamanho de tocha, se comparada com as de luz contínua; consumo mais baixo de energia; pouco aquecimento no estúdio, já que não há grande dissipação de calor por parte da luz contínua, o que não cansa o modelo e dispensa a luz intensa continuamente acesa nos olhos (possibilitando capturar os olhos em estado mais natural e relaxado); simplifica a iluminação de objetos pequenos ou grandes, pois, se houver necessidade de muita luz, os dispositivos de luz contínua acabam sendo maiores; pode haver luz contínua de modelagem; temperatura de cor mais estável; entre outros.
  • Contras: torna mais difícil controlar a quantidade da luz, requerendo habilidade em uso, uma vez que é uma luz que acende em uma pequena fração de segundo; não podemos ver facilmente onde aparecerão reflexos e sombras na cena (no entanto a luz de modelagem minimiza essa dificuldade); é preciso estabelecer sincronismo com a câmera, usando cabo de sincronismo ou rádio flash.

O funcionamento do flash do estúdio

O flash eletrônico não é uma fonte de luz contínua. Ele fornece uma grande quantidade de luz por uma fração de segundo. Seu princípio de funcionamento se baseia na geração de uma altíssima tensão em Volts. Basicamente, trata-se de um transformador que recebe uma comutação de corrente em sua entrada, a qual fica acumulada em um grande “capacitor” eletrônico, gerando uma alta tensão na saída. Essa energia acumulada é descarregada sobre a lâmpada do flash, um tubo com um gás especial que, quando colocado diante de tal diferença de potencial, dispara grande quantidade de luz.

No flash eletrônico de estúdio, temos um tubo de vidro circular, que é o flash propriamente dito, que está em volta de uma lâmpada de luz contínua, chamada de luz de modelagem, a qual é muito útil para se fazer foco na câmera, pois muitas vezes dentro do estúdio precisamos apagar a luz ambiente para visualizar como será a iluminação e ficamos impossibilitados de focar se não houver a luz de modelagem. Ela é uma luz com uma intensidade muito baixa.

Pois bem, vamos tentar simplificar ao máximo seu funcionamento com relação à câmera fotográfica. O flash é basicamente uma descarga elétrica sobre sua lâmpada. Assim, a lâmpada acende e apaga muito rapidamente. Seu uso na fotografia, então, sugere vários aspectos:

  • Sendo uma descarga elétrica, a luz acende e apaga muito rapidamente. Seu disparo, portanto, precisa inevitavelmente coincidir com a abertura e o fechamento das cortinas do obturador de velocidade da câmera.
  • É uma luz intensa, muito potente, que permite trabalhar com diafragmas mais fechados. E, nesse caso, a luz ambiente torna-se muito pequena, quase inexistente (se também o ISO for pouco sensível e a velocidade de disparo for alta).
  • A velocidade (tempo de exposição da câmera) não tem influência sobre a luz do flash em si. Fotografar uma cena sem luz ambiente alguma, com flash em velocidade na câmera de 1/125 s ou 10 segundos não faz diferença na luz final da imagem. E se somente variarmos o diafragma ou o ISO, teremos variação na luz final da imagem.
  • A intensidade da luz do flash em si é controlável pela variação da potência do flash.
  • Chamamos de velocidade de sincronismo a velocidade limite em que as cortinas do obturador de velocidade da câmera estão totalmente estáticas e abertas. A partir dessa velocidade (comumente 1/125 s, 1/200 s ou 1/250 s), as cortinas passarão a ter movimentos simultâneos, ou seja, a segunda cortina começa a se fechar antes da primeira cortina se abrir totalmente. Assim, o disparo do flash fica restrito a essas velocidades, para não ser obstruído pela segunda cortina.
Unidade compacta de flash
Unidade compacta de flash

 

Observando a intensidade da luz
Observando a intensidade da luz

Um modelo de flash compacto (tocha) geralmente contém em seu painel traseiro os botões de configuração do dispositivo: um botão de liga/desliga do flash; um botão de liga/desliga da luz de modelagem; um botão de disparo manual do flash (para teste) com uma pequena luz acima dele para indicar que está pronto para disparo; um botão geralmente com o símbolo de um olho ao lado, próximo a ele, que liga/desliga a fotocélula (a qual serve para disparar o flash quando este é auxiliar, ou seja, não está diretamente ligado à câmera); os conectores do cabo de sincronismo que deverão ser ligados à câmera; um botão com o símbolo de uma nota musical que é o liga/desliga do som, que indica a recarga total do flash (pronto para novo disparo); e, por último, no centro de tudo, o controle de potência da luz de flash.

Lei do inverso do quadrado

“Todos os flashes têm alcance limitado, com a descarga de luz decaindo rapidamente com a distância. Isto se explica pela lei do inverso do quadrado, segundo a qual a intensidade de uma fonte de luz decresce com o quadrado da distância que percorre. Assim, se você dobra a distância entre a fonte de luz e o motivo, a quantidade de luz que o atinge diminui em aproximadamente três quartos John Hedgecoe (2005, p. 169).”

A partir do ponto em que a luz é gerada (a luz de flash), os raios de luz partem em todas as direções, separando-se à medida que avançam. Quando se mede a quantidade de raios de luz que chegam a, digamos, 2 m de distância da fonte de luz, o raio medido à 4 m de distância vai medir somente 1/4 da quantidade de luz da medida anterior. Assim, quando se duplica (2x) a distância de uma fonte pontual, a intensidade que incide no objeto reduz-se para um quarto (1/4) da intensidade anterior.

Propagação da luz e diferença de iluminação em função da distância
Propagação da luz e diferença de iluminação em função da distância

Observe que é como uma projeção de raios de luz a partir da tocha. Medindo-se a luz à 1 m de distância, essa mesma área aumenta quatro vezes a 2 m de distância. Portanto, a luz para essa área diminui para 1/4 do total, medido a 1 m de distância. Então, pode não ser interessante manter pessoas muito distantes uma das outras em relação à fonte de luz, quando fazemos um retrato em grupo, por exemplo. Mas nem sempre essa diferença de luz é um problema; às vezes desejamos obter esse efeito de gradiente de luz dando certa dramaticidade à cena.

Na cena da figura baixo percebemos que a luz vem mais intensa na parte de cima da imagem. Pelo comportamento da sombra, também percebemos que se trata de uma fonte de luz de grande tamanho (um softbox bem grande, por exemplo, ou uma luz intensa rebatida).

Propagação da Luz
Propagação da Luz

Assim, tudo depende de nossa intenção em dar mais destaque a objetos dentro da cena fotográfica, colocando-se mais luz naquilo que desejamos destacar e menos luz onde queremos que apareça menos.

Prática de estúdio

Nosso aprendizado continua dentro do estúdio, estendendo-se agora às teorias e práticas de medição de luz para o fundo branco e o fundo preto.

Medir a luz e dimensioná-la de acordo com pré-requisitos necessários, e impondo também sua porção subjetiva de gosto (desejar mais ou menos luz em determinadas áreas do que você vai iluminar), é essencial para que você comece a criar sua própria luz, um diferencial importante na vida prática do fotógrafo.

Muitas vezes não basta apenas saber iluminar, mas temos ainda que dirigir pessoas dentro do estúdio. Um estúdio de moda, por exemplo, é um dos mais complicados de se trabalhar. São muitas pessoas envolvidas entre modelos, diretor de arte, cabelereiros, maquiadores, etc., além de seu próprio pessoal de assistência no estúdio. Ao contrário, no trabalho de still de produtos temos que lidar com um número muito menor de pessoas, o que geralmente não envolve dirigi-las. Muitas vezes, dependendo do tipo de atividade, você pode nem precisar de um assistente. Lembre-se de que, nas atividades em que você precisa dirigir pessoas, é muito importante manter sempre a clareza na comunicação e, principalmente, a cordialidade.

Iluminação para fundo branco, teoria e prática

A primeira coisa que devemos conhecer na elaboração de iluminação para modelo em fundo branco é como funciona o fotômetro. E veja: por hora não precisamos saber todos os detalhes de como ele funciona exatamente, mas conhecer sua prática de uso nas situações mais comuns dentro do estúdio. Ainda assim não deixe de ler cuidadosamente o manual do fabricante.

Retrato em fundo branco
Retrato em fundo branco

O flash meter, medidor de luz de flash (também chamado de fotômetro de estúdio), é um aparelho essencial na vida do fotógrafo. Há diversos recursos possíveis de se utilizar dentro dele, dentre os diferentes modelos disponíveis no mercado, mas o mais importante é que na maioria das vezes ele é usado para medir a luz que chega na cena, ou luz incidente. Assim, ele fará, baseado em sua programação interna, uma indicação de qual seria o diafragma a ser utilizado na câmera, baseado numa configuração clássica de ISO 100 e velocidade 1/125 s – essa é uma configuração que geralmente é suficiente para que a luz contínua dentro do estúdio ou proveniente da luz de modelagem não interfira na exposição da câmera.

 

Fotômetro ou flash meter
Fotômetro ou flash meter

Na prática, podemos pensar que o flash meter baseia-se na simulação de um cartão de cinza médio que já estudamos. Na figura acima vemos em detalhe que esse modelo de flash meter, como qualquer outro, possui uma esfera branca (bolinha) localizada geralmente na parte de cima do aparelho. Dentro há um sensor que medirá a luz que incide nele. Para fazer a medição usando esse tipo de fotômetro, nós o colocamos no local em que está o modelo, com a esfera direcionada para onde estará a câmera, a fim de medir todas as luzes que incidem sobre o objeto; ou o direcionamos para uma das fontes de luz, quando desejamos medi-la separadamente.

Antes de medir, configuramos no fotômetro os valores de velocidade e do ISO, assim, quando fizermos a medição, ele irá nos indicar o valor do diafragma. É preciso ainda, antes de medir, configurar o modo de uso, ou seja, a opção que dispara o flash via cabo (cujo símbolo é um pequeno raio com um “C” de “Cord” (cabo)), um cabo com conector PC (cabo de sincronismo que geralmente acompanha a tocha) poderá ser utilizado para se conectar o flash meter à tocha. O mais indicado é ligá-lo à tocha principal. As demais tochas vão disparar por fotocélula.

Esquema básico de luz para retrato
Esquema básico de luz para retrato

Na iluminação de um retrato temos alguns tipos clássicos de fonte de luz. Uma delas é a luz principal. É ela que de fato ilumina o que mais queremos mostrar no retrato (ou em qualquer outro objeto), como a parte principal do rosto, por exemplo. Se a outra parte do rosto ficar muito escura, podemos “preencher” com outra luz, que leva o nome “luz de preenchimento”. Essa segunda fonte serve para iluminar a sombra, sem eliminá-la, mostrando detalhes nessas áreas, se isso for o desejado. Geralmente, também se usa uma luz vinda por trás do modelo, que é comumente chamada de luz “contra”, ou luz de recorte, que serve para separar o modelo do fundo. Uma outra fonte de luz na cena é aquela que ilumina o fundo (luz de fundo).

Vamos então estudar um diagrama de luz para fundo branco, no qual se medem todas as fontes de luz com o flash meter.

Diagrama de luz para fundo branco
Diagrama de luz para fundo branco

Na figura acima temos uma vista em detalhes de uma sugestão de fundo branco. A estrutura parece bem simples, mas há diversos detalhes a serem observados para que o resultado saia de acordo com o previsto. Na prática, temos que duas tochas serão voltadas para o fundo, iluminando-o, o que no caso é fundo em papel branco, mas poderia ser de um estúdio profissional no qual o fundo infinito é montado em alvenaria mesmo. Tudo depende de como é o tamanho do fundo. Nesse esquema as tochas estão montadas com Beauty Dish, que nada mais é do que um refletor grande. Se você não puder contar com esse dispositivo no estúdio, substitua por refletores no maior tamanho que tiver. Se não for suficiente para cobrir toda a área do fundo que se necessita iluminar, considere a possibilidade de utilizar quatro tochas para o fundo (sobrepostas duas a duas). Também podem ser utilizadas duas sombrinhas reflexivas prata no lugar do Beauty Dish. Mas será necessário maior espaço no estúdio, pois elas facilmente “invadem” as laterais do modelo. Nesse esquema de luz será possível fotografar um modelo de corpo inteiro, desde que sua altura não seja muito maior do que 1,80 cm.

Diagrama de luz para fundo branco: vista superior
Diagrama de luz para fundo branco: vista superior

Tecnicamente, há várias formas de se ajustar corretamente a configuração desse esquema. Vamos adotar a mais coerente: dimensione o estúdio de forma a acomodar as luzes do fundo. Já temos alguns segredos aí: não coloque a base do tripé de iluminação sobre o papel do fundo infinito, preservando sua integridade. Coloque o mais próximo possível as tochas do papel do fundo infinito. Acione a luz de modelagem de cada tocha. Observe no papel que há gradientes de luz. O raciocínio é pensar como se fossem dois faróis de um carro no papel. Queremos um fundo branco homogêneo dentro do enquadramento necessário. Não direcione as tochas ao meio do fundo; deixe mesmo como faróis de um carro (cerca de 1,5 m de distância), comopodemos observar nas duas figuras anteriores.

O próximo passo é observar onde estão as marcas no chão, da luz proveniente dos refletores. Observe o encontro delas na figura “Diagrama de luz para fundo branco”. Seu modelo deverá estar além dessa marca, ou a luz do fundo também aparecerá no modelo. O próximo passo é preparar sua câmera fotográfica. Você deve preparar para uma configuração que ignore a luz ambiente e a luz de modelagem.

Geralmente, configuramos a câmera com ISO 100, velocidade em 1/200 (velocidade de sincronismo entre a câmera e o flash) e um diafragma que dê alguma profundidade de campo, por exemplo f11. Também deve configurar sua câmera para que mostre os realces, ou seja, tudo o que for totalmente branco na cena, ela indica piscando em branco (veja isso no menu de configurações de sua câmera fotográfica). Isso é muito útil para saber se conseguimos obter um fundo branco uniforme. Acione a luz principal que está praticamente ao lado da câmera. A luz principal pode ser um softbox grande, colocado pouco acima da altura do meio do modelo, ligeiramente inclinada na direção dele.

Veja que a distâncias até aqui não foram explicitadas, daí vêm os ajustes medindo a luz. Para uma ação mais interessante da luz principal, é importante que você use a sua percepção. Ela se distribui sobre o modelo no momento em que fizer a fotografia. Não dá para se ter medidas exatas de distâncias, uma vez que estúdios não têm tamanho padronizado. A única informação mais precisa que podemos obter é que geralmente a largura do papel do fundo infinito é de cerca de 3 a 3,2 m. Um posicionamento mais correto da luz principal, nesse caso, é algo em torno de 3 m do modelo (mas isso varia em função do tamanho do softbox). A distância do modelo em relação ao fundo pode ser entre 2 a 3 m.

Medindo

Comece somente com a luz principal acionada e desligue as demais luzes. Ligue o cabo de sincronismo ao medidor e direcione sua esfera (local onde a luz é medida no flash meter) exatamente na direção da câmera. Vá regulando a potência do flash até obter diafragma f8. Feito isso, faça a primeira avaliação.

É importantíssimo que nesse momento você posicione a câmera e faça uma foto com as tochas do fundo desligadas. O objetivo é ver se a exposição na câmera está correta. Observe o histograma da câmera. Veja se ele percorre bem todo o eixo horizontal no gráfico de luminosidade. Observe também o histograma de cor. Veja se nenhum dos canais está estourando (ultrapassando o limite horizontal do gráfico). Por fim, verifique se a luz está bem distribuída no modelo. Reajuste a luz na tocha, se necessário, mantendo a configuração da câmera.

O próximo passo é acionar as fontes de luz do fundo branco. A estratégia agora é obter no fundo infinito o branco “estourado” de que precisamos, mas de forma distribuída no enquadramento da foto, que obteremos na câmera fotográfica, e não necessariamente em todo o papel do fundo branco. Nosso objetivo principal agora é o de obter uma luz que chegue nas costas do modelo em pelo menos um ponto de luz a mais de diferença, ou seja, um diafragma acima de f11, já que a luz que chega na frente do modelo é f8, como vimos (o ideal seria f16, ou seja, dois pontos de luz em relação ao que chega na luz principal). Portanto, pensando em duas tochas no fundo, você pode fazer uma estimativa, mas geralmente funciona muito bem medir no papel com a esfera do fotômetro bem junto ao fundo branco e voltado para a câmera, obtendo o diafragma f22 (considere que, até chegar no modelo, teremos perda de provavelmente 1 diafragma, ou seja, f16, que ainda é dois pontos de luz acima da principal, que é f8). Reajuste, se necessário. É essencial ainda que as tochas estejam equilibradas, mantendo um branco homogêneo no fundo.

Faça uma foto do modelo. Certifique-se de que ele ainda continua bem exposto e de que o fundo branco está realmente branco pela sinalização (blinking) do aviso de realces piscando no display da câmera. Um problema muito comum ocorre nessa hora. É possível que haja um flare, ou seja, uma invasão de luz, de tal forma que o modelo perde o contraste. São vários os fatores que podem levar a isso. A objetiva deve ter uma distância focal maior, o que minimiza o total de fundo branco enquadrado na foto. Também é possível a existência de sujeira no filtro UV colocado na frente da objetiva. Estando dentro do estúdio é muito melhor retirá-lo para esse e qualquer outro tipo de trabalho. Outra forma de remediar isso é tentar diminuir ao máximo a luz do fundo branco, ainda mantendo ele estourado (com o aviso de realces ligado). E, finalmente, na pós-produção, não se surpreenda se o fundo não aparecer totalmente branco. A imagem captada em formato raw (crua) apresenta mais informação para que o software a recupere. Basta um ajuste básico de luz (brancos) da cena. Veremos isso mais tarde em pós-produção de imagens.

Iluminação para fundo preto e luz de recorte

Na figura abaixo temos um exemplo de retrato em fundo preto. Há sutilizas importantes a serem observadas. Veja, nesse caso, que temos apenas uma única fonte de luz que está posicionada lateralmente e ligeiramente acima da altura do modelo. Observe também que no lado direito não temos iluminação. Assim, uma boa parte do lado direito funde-se com o fundo. Isso pode ou não ser uma forma de se retratar. Tudo depende de seu objetivo.

Retrato com fundo preto e retrato com luz de recorte
Retrato com fundo preto e retrato com luz de recorte

Por outro lado, na figura acima a esquerda temos somente uma luz vinda de trás, posicionada mais à direita da modelo, do nosso ponto de observação. Note que essa luz garante um “recorte” em relação ao fundo preto. Chamamos isso de luz de recorte, porque essa luz separa o que está no primeiro plano do plano do fundo. Isso geralmente é obtido com um snoot, um modificador que concentra a luz em uma área pequena no retratado. A decisão de onde e como recortar é sua.

Snoot montado em tocha
Snoot montado em tocha

Por outro lado, podemos pensar em uma montagem mais elaborada ainda. Observe o retrato a seguir.

Retrato em fundo preto com luz de recorte
Retrato em fundo preto com luz de recorte

Primeiro passo é constatar se o fundo preto está realmente preto (figura “Retrato em fundo preto com luz de recorte”). Quanto mais pronta estiver a foto, menor o trabalho na pós-produção. O esquema de luz ao lado (figura “Esquema de luz para fundo preto”) pode explicar melhor como poderemos obter fundo bem preto. Verifique que enquadramento será necessário. Coloque pelo menos duas tapadeiras (placas em madeira ou qualquer outro material opaco preto, desde que seja leve e móvel) para bloquear a luz que ilumina o primeiro plano, de forma que ela não chegue no fundo, e garantir, assim, que o fundo fique preto. Para esse esquema de iluminação foram utilizados dois softbox equidistantes, dispostos lateralmente (ou ligeiramente atrás, conforme seu gosto). O ideal é que eles contenham uma grade (grelha ou, ainda, colmeia, como alguns chamam) na frente deles. Essa grade cria um efeito de gradiente suave muito utilizado em retratos. A luz principal no retratado pode ser obtida com um softbox médio (60 cm), que no esquema está posicionada acima, um pouco à frente e ligeiramente à esquerda do modelo. Agora, como medir?

Esquema de luz para fundo preto
Esquema de luz para fundo preto

Nesse caso, você deve medir a luz que chega no modelo colocando o flash meter bem próximo e acima dele. Digamos que você obtenha diafragma f8. É interessante testar se, ao desligarmos a tocha, a luz ambiente gera alguma exposição, e, se necessário, desligue as luzes normais do estúdio, deixando somente a luz de modelagem acionada.

Após esse cuidado, tendo obtido f8 na luz principal, acione uma das luzes laterais. Meça a luz que chega no modelo. Ela deverá estar acima de f8. O  quanto? Depende de quanta luz será refletida no modelo. Preferencialmente evite a perda de texturas – geralmente no máximo 1 ponto de luz acima da principal. Repita o procedimento com a outra luz lateral.

Fotografia de publicidade (still)

Fotografia de produto
Fotografia de produto

Fotografia de produto é visto como um dos melhores mercados de produção de fotografia devido ao retorno financeiro atraente. Esse tipo de fotografia, em especial, tem algumas vertentes. Não necessariamente  fotografia de still é uma fotografia publicitária. Pode ter caráter completamente artístico. Mas nosso foco aqui é a abordagem publicitária, que pode ser de pequenos produtos tabletop (sob uma mesa de still, conforme figura acima), como perfumes, relógios, joias, etc., ou mesmo em bancadas e armários, como a fotografia de bolsas e sapatos, ou ainda a de gastronomia. A fotografia de produtos para o e-commerce é muito procurada atualmente, enfim, imagens de produtos sob o ponto de vista da publicidade.

Um ramo especial dessa área é mesmo a fotografia de gastronomia, que demanda inúmeros cuidados, além de uma estrutura de estúdio com muitos recursos, como ar-condicionado, utensílios de cozinha, pia, fogão, geladeira; e também diversos materiais para produção, como toalhas, materiais decorativos de mesa, etc. Muitos fotógrafos dessa área têm preferência por esse tipo de fotografia, justamente porque tem total controle sobre tudo – luz, composição, ângulo de câmera, etc.

Há diversos materiais específicos para se praticar esse trabalho:

  • Uma mesa de still no tamanho apropriado para cada tamanho de produto.
  • Uma objetiva de múltipla ação para essa prática, devendo ser a 100 mm macro (ou próximo disso), já que a distorção geométrica é baixa e o ângulo de cobertura é mais fechado, diminuindo o que se vê mais ao fundo.
  • Diversos tamanhos de softbox.
  • Tripés não muito altos, mas pelo menos um tripé “girafa”, que permite colocar a luz verticalmente acima do produto.
  • Diversos materiais úteis, como clipes, fitas adesivas, massa de modelar, tamanhos diversos de pinças, réguas, acessórios decorativos, assim por diante.
  • Em gastronomia, até mesmo um maçarico como os que são usados em cozinha. Tudo é útil para melhorar a estética da imagem.

Algumas informações importantes são:

  • Medir e adequar a luz é fundamental.
  • Tenha sempre à mão um flash meter.
  • É fundamental perceber como funciona a propagação da luz, pois, sobre o enquadramento de uma mesa, por exemplo, a luz terá um gradiente muito acentuado (visível diferença de luz entre o começo e o fim do quadro da foto) se a fonte de luz estiver muito próxima da mesa.
  • Afaste um pouco mais, mas nunca muito mais, porque o aumento da distância (mesmo com a luz difusa de um softbox) muda a qualidade da luz, tornando-a mais dura.
  • Procure anotar o ângulo utilizado quando fotografa muitas imagens para um mesmo cliente. Caso contrário, pode ficar uma sensação muito forte de desorganização quando um cliente pesquisa algo na internet, olhando imagens lado a lado.
  • Nas fotografias para e-commerce é muito comum o cliente solicitar fundo branco.
  • Descubra a melhor forma de se iluminar evitando pós-produção, ou a menor possível. Do contrário, pode ser um pesadelo pós-produzir 1.000 fotos de pequenos produtos.

Você pode muito bem ser procurado por clientes ou ainda por agências. Geralmente, quando você recebe trabalhos de agência, a imagem já está previamente definida (posicionamento, tipo de iluminação e layout). Cabe a você requintar a imagem com iluminação bem cuidada e layout bem resolvido. Vale muito a pena ter imagens bem cuidadas de seu portfólio na internet.

Fotografia para moda e retrato

A fotografia de moda é um dos campos da fotografia em que mais temos que nos preocupar com conceitos. Não basta ser um bom fotógrafo e saber iluminar uma cena. É necessário ainda saber qual iluminação se relaciona melhor com o tema. A fotografia de moda, em quase toda a sua totalidade, está baseada em conceito. E geralmente não é um conceito que você como fotógrafo define, mas sim o conceito de um outro profissional, o estilista. E neste sentido o fotógrafo que mais compreende o conceito tende a ser o fotógrafo predileto da marca. Portanto, sua bagagem cultural e  sua visão de mundo passam a ter ainda mais valor na sua profissão e, claro, entender um pouco sobre moda e acompanhar o que acontece nesse mundo.

Outro aspecto muito importante é que, além de ter um estúdio maior, ele deve acomodar o número de pessoas que o trabalho exige. São diversos profissionais, entre cabelereiros, maquiadores, estilistas, assistentes, entre outros, a depender do tamanho da produção. É preciso saber dirigir a cena, por mais definida que ela tenha sido. O mercado de fotografia de moda vai desde fotografias para book até para moda comercial, catálogos (que é o maior mercado) e para editoriais de moda. Por incrível que pareça, o editorial de moda é o preferido entre fotógrafos, pois liberta totalmente sua criatividade. Porém esse é o mercado que paga menos; o lucro nesse caso é a circulação do nome do fotógrafo, muitas vezes até internacionalmente.

Fotografia de moda no estúdio e retrato no estúdio
Fotografia de moda no estúdio e retrato no estúdio.

A fotografia de retrato também possui suas peculiaridades e muitas vertentes, como retrato comercial, retrato institucional ou criativo, etc. Trata-se de um trabalho em que o fotógrafo registra uma imagem que retrata alguém. Mas não é, necessariamente, uma representação fiel da pessoa em si, e sim uma visão do fotógrafo sobre ela. De qualquer maneira, há diversas possibilidades dentro do estúdio. Da mesma forma como na moda, a luz de retrato tem grande influência sobre o resultado.

Tome por base o retrato da figura anterior. A direção de pessoas tem grande importância na imagem. O fotógrafo precisa, além de controlar corretamente o que está acontecendo com a luz da cena, o posicionamento esperado da retratada. Na imagem, a luz é única e está acima, levemente à nossa esquerda, e trata-se de uma fonte de luz grande, proveniente de um softbox ou de uma sombrinha grande. A retratada está suficientemente longe do fundo, pois sua sombra não aparece. As sombras estão muito suaves, o que indica que a fonte de luz é bem grande. Também é possível que o piso do fundo infinito esteja refletindo luz para cima, de forma muito suave, o que diminui sensivelmente as sombras abaixo do queixo da modelo. Se a ideia do fotógrafo foi fazer uma luz suave para uma pessoa de personalidade gentil e doce, o resultado foi bem-sucedido.

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