Vídeo da Aula
Comunicação e Educação
Por meio da comunicação, facilitadores e aprendizes explicitam objetivos, revelam poderes, valores, culturas, atitudes e posturas, que norteiam as relações interpessoais no ambiente de aprendizagem.
O ato de comunicar está presente não só na voz ou no texto, mas também nos gestos, no andar, nas roupas que usamos. Para O’Connor e Seymour (1995, p. 34), “a comunicação começa com os pensamentos que comunicamos aos outros, usando palavras, o tom de voz e a linguagem corporal”. Desse modo, reagimos de acordo com os nossos sentimentos e pensamentos e o nosso comportamento é gerado pelas representações mentais que temos.
Para a comunicação existir efetivamente, é necessário compreendermos que o mundo é composto de pessoas diferentes e que a diferença se faz pela maneira como vemos o mundo. Desse modo, devemos usar essa compreensão como guia para a nossa comunicação com as outras pessoas.
A Comunicação do Facilitador de Aprendizagem
Tipos de Comunicação
Emissor e receptor são papéis assumidos tanto pelo facilitador quanto pelo aprendiz, em uma verdadeira interação de três tipos de comunicação: verbal (escrita e fala); não-verbal (expressões faciais, gestos e postura) e factual (a prática, a habilidade, as experiências passadas). (Araújo, 1994)
Segundo O’Connor e Seymour (1995, p. 35), “as palavras são o conteúdo da mensagem, e a postura, os gestos, a expressão e o tom de voz são o contexto no qual a mensagem está embutida. Juntos eles formam o significado da comunicação”. Para os autores, a comunicação corporal corresponde a 55% do total das maneiras de como nos comunicamos, as palavras a 7% e o tom de voz a 38%.
A seguir, listamos alguns pontos que o facilitador de aprendizagem precisa considerar em cada um dos tipos de comunicação.
Comunicação Verbal
- Grau de domínio do assunto
- Vocabulário ao nível do interlocutor
- Fraseologia (curtos, longas, intercaladas)
- Pontuação clara e variação
- Articulação de ideias
- Voz graduada ao ambiente
- Fluência e ritmo (altos e baixos)
- Uso de recursos didáticos
Comunicação Não-Verbal
- Mobilidade de cabeça e rosto
- Olhar (direcionado a todos ou a alguns ou ao vazio)
- Gestos enriquecedores
- Respiração; desinibição
- Postura corporal
Comunicação Factual
- Coordenação e domínio das atividades pedagógicas.
- Uso do espaço e administração do tempo
- Administração de conflitos em sala de aula
- Ser exemplo de ação (coerência entre teoria e prática)
- Ser decidido e prático nas propostas de ação
- Saber usar os recursos didáticos
Bases da Comunicação
Observe que para a comunicação se estabelecer precisamos considerar alguns aspectos… Veja os que se seguem.
- Saiba ouvir – Demonstre estar apto a ouvir informações mesmo que desagradáveis e críticas, procurando compreendê-las de forma construtiva. Escute atentamente, demonstrando interesse por aquilo que está sendo apresentado, não interrompa desnecessariamente.
- Examine o ponto criticado – Seja humilde e examine o ponto criticado para dar crédito às boas ideias. Ao receber críticas, procure extrair os aspectos positivos e construtivos. Posteriormente analise e estabeleça procedimentos de ajuste e/ou correções.
- Evite termos técnicos – Não use gírias e evite termos técnicos que possam atrapalhar a comunicação. Se for imprescindível o seu uso, explique qual o significado dos termos usados. Use uma linguagem que descreva a realidade.
- Esclareça suas ideias – Esclareça suas ideias antes de transmiti-las. Faça com que elas sejam precisas. Analise se as suas ideias estão coerentes com o que deseja transmitir.
- Expresse o seu interesse – Entre frequentemente em contato com os seus aprendizes e os escute. Expresse seu interesse pelos seus problemas.
- Que mensagem quero transmitir? – Trace qual é o objetivo da mensagem. O que você deseja que os receptores da mensagem absorvam. Qual é o verdadeiro propósito da comunicação.
- A quem vou me dirigir? – Antes de transmitir alguma informação, procure conhecer qual vai ser o seu público e qual será o momento adequado. Se necessário, prepare-se.
- Consulte outras pessoas – Consulte outras pessoas para planejar a comunicação. Peça opiniões. Lembre-se que aqueles que o ajudam a planejar com certeza o apoiarão.
- Como transmitir? – Esteja atento à sua tonalidade de voz, à receptividade de quem ouve, bem como à linguagem que você utilizará.
- Suas ações são apoio à fala – Esteja certo que as suas ações vão apoiar aquilo que você diz. Lembre-se que as ações falam mais alto do que as palavras.
- Demonstre entendimento – Procure não só ser compreendido como compreender. Seja um bom ouvinte não só para os significados explícitos, mas também para os implícitos.
- Compartilhe – Compartilhe tantas informações quanto for possível. Isso trará ganhos para todos os envolvidos.
- Crie padrões de redundância – Os bons oradores estabelecem padrões de redundância que permitem que o público ouça e veja o conteúdo abordado diversas vezes, utilizando, inclusive, exemplos práticos.
- Reduza os ruídos – A repetição e meticulosa escolha das palavras reduzem o ruído que bloqueia a comunicação clara. Ruído, neste caso, significa aquilo que inibe ou obstrui o fluxo normal de informações entre o emissor e o receptor. Alguns tipos desses ruídos incluem vocabulário impreciso, conceituação imprecisa ou má compreensão por parte dos aprendizes, além de outras distrações.
- Use a técnica de fazer perguntas – Perguntas e respostas são partes integrantes de uma comunicação efetiva entre o facilitador e os aprendizes. A pergunta constitui um dos principais instrumentos do facilitador. Existem diversas maneiras de formular perguntas. Conhecê-las será extremamente útil para você.
Fazer e Responder a Perguntas
Os dois tipos mais comuns para a formulação de perguntas são: aberta e fechada.
Uma pergunta do tipo aberta (como e por que) é aquela que provoca o raciocínio; propicia uma porção de comentários e promove controvérsias. Fundamentalmente, as perguntas abertas são aquelas para as quais não há uma única resposta ou uma resposta simples. São ótimas para o início de uma aula ou de uma palestra, pois incentivam o grupo a reagir. Exemplo: O que são organizações que aprendem?
Por sua vez, as perguntas fechadas têm uma única resposta, ou uma resposta simples, que geralmente é um sim ou um não. Basicamente, são usadas para encerrar discussões ou para resumir considerações sobre um tópico qualquer, antes de passar para o assunto seguinte. Exemplo: Você conseguirá aplicar as teorias desse curso no seu cotidiano?
Observe que é importante saber a quem dirigir a pergunta. Basicamente, há quatro maneiras de se dirigir uma pergunta.
- A pergunta pode ser geral, dirigida ao grupo. São úteis quando uma discussão genérica já se encontra em andamento e o facilitador percebe que diversos participantes têm algo a dizer sobre o conteúdo e estão ansiosos em compartilhá-lo com os demais. Nesse caso, uma pergunta geral pode estimular ainda mais o entusiasmo entre os integrantes do grupo.
- A pergunta pode ser direta, dirigida a uma pessoa. Será iniciada mencionando o nome do aprendiz: ”João, o que é que…”? Evidentemente, perguntas diretas devem ser feitas àqueles que têm possibilidade de responder. Se alguém não responder a uma pergunta direta, ela deve ser reformulada para se ter a certeza de que foi entendida. Mas, se mesmo assim, o aprendiz não souber respondê-la, faça a pergunta a outro. Importante salientar que o aluno está ali para aprender e pode ainda não ter o domínio suficiente do conteúdo, o que não o obriga a responder nenhuma questão.
- Podemos utilizar a pergunta redirigida quando uma pergunta interessante ou estimulante for feita pelo grupo, ou por alguém do grupo. Ao invés de respondê-la, o facilitador prontamente a reverte ao grupo. O facilitador precisa agir com muita propriedade para que o aluno não pense que ele redirigiu a pergunta por que não sabe a resposta.
- A reversão é outra técnica muito útil, que consiste em devolver a pergunta ao aprendiz que a fez, tendo o cuidado de mostrar algumas situações que o ajudem a direcionar o caminho para a resposta.
Como responder a uma pergunta?
- Atente tanto para o teor (o que é perguntado) como para a intenção (o sentido) da pergunta.
- Acate a pergunta, isto é, mostre que você a entendeu.
- Se for necessário, peça esclarecimentos ao indagador. Reformular a pergunta é uma maneira de obter esclarecimentos.
- Responda a pergunta concisa, precisa e completamente.
- Confira se o indagador está satisfeito. Sua resposta provocou alguma reação?
- Prontifique-se para apresentar esclarecimentos ou comprovação de suas ideias.
- Evite demonstrar que achou a pergunta desnecessária ou mal formulada.
A Arte de Ouvir
Quando ouvimos atentamente uma pessoa, estamos na verdade ouvindo duas partes distintas de sua mensagem. Em primeiro lugar, estamos prestando atenção nas palavras, isto é, no conteúdo da mensagem. Em segundo, estamos prestando atenção no tom de voz e na linguagem corporal, ou seja, estamos ouvindo também o significado da mensagem.
A arte de ouvir atentamente consiste em
- permanecer atento;
- possibilitar uma boa recepção da informação;
- decodificar a informação de maneira a extrair dela o real significado.
Atitudes importantes para ouvir bem:
- Pare de falar – você não poderá ouvir enquanto está falando.
- Coloque-se no lugar da outra pessoa – procure colocar-se no lugar do outro para poder sentir em que lugar ele está procurando chegar.
- Pergunte – quando você não entender, quando necessitar de esclarecimentos adicionais ou quando desejar mostrar que está escutando.
- Não seja apressado – não interrompa a pessoa. Dê-lhe tempo para dizer aquilo que tem a dizer.
- Concentre-se no que ele está falando – focalize sua máxima atenção nas palavras do outro, bem como em suas impressões sobre o assunto.
- Olhe para a outra pessoa – para o seu rosto, sua boca, seus olhos, suas mãos…
- Deixe suas emoções para trás – se puder, procure deixar seus problemas, aborrecimentos e pré-conceitos fora da sala de aula, pois eles podem lhe impedir de ouvir bem.
- Não se distraia – guarde qualquer papel, lápis e tudo o mais que você tenha em mãos, pois eles podem distrair a sua atenção.
- Seja corresponsável pela comunicação do interlocutor – somente uma fração dessa responsabilidade pertence ao orador, você é o ouvinte, e como tal, tem uma parte importante na comunicação. Procure entendê-lo, se não puder, peça esclarecimentos.
- Reaja às ideias e não à pessoa – não permita que as suas reações contra a pessoa influenciem no julgamento do que ela diz. Suas ideias podem ser boas.
- Preste atenção nos atos e gestos do orador – frequentemente nos concentramos tão atentamente naquilo que é dito que nos esquecemos da importância das reações emocionais e das atitudes relacionadas com o que foi dito. As atitudes e as reações emocionais do orador podem ser mais importantes do que aquilo que está sendo dito em palavras.
- Conheça a sua personalidade – uma das melhores maneiras de obter-se informações sobre uma pessoa é escutá-la. À medida que ela fala, você pode descobrir o que ela gosta e o que não gosta; quais as suas motivações; qual o seu sistema de reconhecimento de valores; o que pensa sobre o que está à sua volta; o que a faz vibrar.
- Evite enquadrar o orador em algum perfil pré-estabelecido – frequentemente enquadramos uma pessoa em um determinado tipo. Assim a nossa percepção sobre o que ela diz ou sobre o que quis dizer fica contaminada por esse rótulo. Antes de fazer qualquer julgamento, espere até que todos os fatos estejam situados.
- Ouvir ajuda a resolver problemas recíprocos e discordâncias – você não pode concordar ou discordar até que esteja certo do ponto de vista da outra pessoa. Somente quando há entendimentos recíprocos, pode-se procurar soluções para problemas.
- Ouvir pode lhe ajudar a fazer um melhor trabalho – peça sugestões às pessoas que estão a sua volta sobre como você poderia melhorar a sua tarefa e escute.
Oratória
Uma das maneiras de comunicação, essencial à atuação do facilitador de aprendizagem, é a oratória. Segundo Alves Mendes (apud Polito, 2000, p.19), oratória é “a arte da palavra – da palavra que é a vestidura do pensamento, da palavra que é a forma da ideia, da palavra que é a nítida voz da natureza e do espírito…”.
Roteiro para Planejar uma Boa Apresentação
Para preparar uma boa apresentação, é preciso que você tenha em mente que ela precisa ir ao encontro do interesse dos ouvintes, desenvolver o assunto de forma clara, lógica e concatenada, além de atingir os objetivos propostos. O roteiro que se segue facilitará a você orientar-se para preparar uma apresentação que o ajude a comunicar-se com sucesso.
Para preparar uma boa apresentação, é preciso que você tenha em mente que ela precisa ir ao encontro do interesse dos ouvintes, desenvolver o assunto de forma clara, lógica e concatenada, além de atingir os objetivos propostos. O roteiro que se segue facilitará a você orientar-se para preparar uma apresentação que o ajude a comunicar-se com sucesso.
- Escolha o assunto – procure falar de tema que você conheça bem e de maneira que possa interessar ao auditório.
- Determine os objetivos – se não souber com clareza aonde deseja chegar com sua apresentação, dificilmente saberá, também, os rumos que deverá tomar. Eis alguns objetivos de apresentações, como exemplos, para ajudá-lo a identificar o seu: informar, persuadir, motivar, entreter, alcançar uma promoção.
- Conheça os ouvintes – numa apresentação, tudo precisará estar de acordo com o auditório: a intensidade da voz, o tipo de vocabulário, os gestos, as informações. É preciso conhecer as expectativas e necessidades dos ouvintes e considerar, também, aspectos que possam interferir na concentração da atenção e na interpretação.
- Verifique o local e as circunstâncias da apresentação – há uma lista de itens que não pode passar despercebida na preparação de uma boa apresentação: o tamanho do auditório, condições de conforto e segurança, os recursos áudio visuais disponíveis, por exemplo.
- Faça a pesquisa e a escolha das informações – depois de ter definido o assunto, traçado os objetivos da apresentação e identificado de forma correta as características dos ouvintes, boa parte da pesquisa e da escolha das informações já terá sido realizada. Para completar o levantamento, além de recorrer aos seus próprios conhecimentos sobre o assunto, pesquise na Internet, converse com outros especialistas, consulte bibliotecas, livrarias e arquivos de jornais, assista a filmes. Depois de coletar todo o material, é preciso separá-lo e agrupá-lo em tópicos da mesma natureza, descobrindo a maneira mais conveniente de fazer as passagens de uma parte para outra, de tal forma que pareçam pertencer a um só assunto. Confirme a exatidão dos dados, confira os números mais de uma vez, cheque as datas, certifique-se da correta pronúncia das palavras, dos nomes das pessoas e das cidades que irá citar. A ordem das informações necessita ser iniciada por aquelas que os ouvintes compreendam com mais facilidade até chegar às que exijam deles maior esforço de concentração. É bom que os temas mais difíceis sejam ilustrados com histórias ou referências que auxiliem em seu entendimento.
Conselhos práticos
Uma fala bem estruturada facilita o desenvolvimento do raciocínio do orador e a compreensão dos ouvintes. Algumas sugestões:
- cumprimente os ouvintes;
- conquiste-os;
- informe sobre o que vai falar;
- faça um retrospecto ou levante um problema relacionado com o tema;
- indique quais as partes que pretende cumprir no desenvolvimento do assunto;
- apresente o assunto com argumentos e de forma concatenada;
- recapitule em uma ou duas frases o que acabou de falar e
- encerre com informações consistentes que possam levar à reflexão ou à ação.
Encerrando a apresentação
Conte aos ouvintes que irá encerrar. Ao dizer que irá concluir, empenhe-se em finalizar mesmo, para que o auditório não fique frustrado e não haja o risco de comprometer todo o trabalho desenvolvido durante a apresentação. Mesmo que se lembre de algum dado que precisaria ter sido incluído, resista e não o introduza no momento de encerrar. Por mais importante que fosse, é provável que produzisse mais prejuízos que vantagens. A não ser, evidentemente, que a sua falta pudesse comprometer os objetivos que norteiam a apresentação.
Para encerrar, podem ser utilizadas as seguintes alternativas:
- levantar uma reflexão;
- usar uma citação ou frase poética;
- pedir ação;
- elogiar o auditório;
- aproveitar um fato bem-humorado.
Feedback
Conforme vimos anteriormente, os facilitadores de aprendizagem necessitam escolher os métodos mais adequados à comunicação efetiva, tendo especial cuidado nos momentos de codificação e decodificação da mensagem, visto que o processo de comunicação depende muito da questão da percepção, que varia muito de pessoa para pessoa.
Nesse sentido, o feedback assume fundamental importância para se rever e avaliar o que é transmitido e efetivamente aprendido. No processo de desenvolvimento da competência interpessoal, o feedback é um importante recurso porque permite que nos vejamos a partir do olhar do outro. Para auxiliá-lo, a seguir, publicamos dois textos que analisam como dar e receber feedback.
Dando e Recebendo Feedback Construtivo
A interação entre facilitadores e participantes envolve uma reciprocidade na troca de informações e sugestões. Isto acontecerá durante todo o desenvolvimento da oficina de forma espontânea ou em momentos determinados (por exemplo: avaliações). Um ambiente seguro e confortável, criado por todos desde o início da oficina, é o que permitirá esta troca, ou seja, o feedback construtivo.
O feedback influencia todas as situações de aprendizagem e a arte de dar e receber feedback é uma habilidade importante para facilitadores. Há várias situações dentro de uma oficina que precisam de uma troca sensível e aberta de comentários e de observações entre os participantes e os facilitadores.
O objetivo é garantir que todos tenham a oportunidade de aprender mais sobre as fortalezas e as capacidades individuais relacionadas aos tópicos desenvolvidos em oficinas, bem como aumentar a autopercepção de habilidades que precisam ser melhor desenvolvidas.
A necessidade de dar e receber feedback construtivo surge quando:
- os facilitadores estimulam a expressão de sentimento dos participantes com relação ao andamento da oficina;
- ocorre o fechamento de uma determinada etapa da oficina ou no final das atividades;
- os facilitadores trocam observações e percepções entre si sobre o processo de compartilhamento de responsabilidades e criação de estratégias de elaboração e realização de oficinas.
O feedback é mais eficaz quando é:
- específico e não generalizado;
- imediato e apropriado;
- solicitado e não imposto;
- dado e recebido com cuidado e responsabilidade;
- comportamental, ou seja, baseado naquilo que pode ser observado.
Importância do Feedback nas Relações Interpessoais
- Para tornar-se realmente um processo útil, o feedback precisa ser, tanto quanto possível:
- Descritivo ao invés de avaliativo: quando não há julgamento, apenas o relato de um evento, reduz-se a necessidade de reagir defensivamente e, assim, o indivíduo pode ouvir e sentir-se à vontade para utilizar aquele dado como julgar conveniente.
- Específico ao invés de geral: quando se diz a alguém que ele é dominador, isto tem menos significado do que indicar seu comportamento numa determinada ocasião. “Nesta reunião você fez o que costuma fazer outras vezes, você não ouviu a opinião dos demais e fomos forçados a aceitar sua decisão para não receber suas críticas exaltadas”.
- Compatível com as necessidades (motivações) de ambos, comunicador e receptor: pode ser altamente destrutivo quando satisfaz somente às necessidades do comunicador sem levar em conta as necessidades do receptor.
- Dirigido: para comportamentos que o receptor possa modificar, pois em caso contrário, a frustração será apenas incrementada, se o receptor reconhecer falhas naquilo que não está sob seu controle mudar.
- Solicitado ao invés de imposto: será mais útil quando o receptor tiver formulado perguntas que os que o observam possam responder.
- Oportuno: em geral, o feedback é mais útil o mais próximo possível após o comportamento em questão, dependendo, naturalmente da prontidão da pessoa para ouvi-lo, apoio dos outros, clima emocional.
- Esclarecido para assegurar comunicação precisa: um modo de proceder é fazer com que o receptor repita o feedback recebido para ver se corresponde ao que o comunicador quis dizer. Quando o feedback ocorre num grupo de treinamento, o receptor e o comunicador têm oportunidade de verificar com os outros membros a extensão do feedback: é uma impressão individual ou compartilhada por todos.
Os insucessos frequentes na comunicação interpessoal têm indicado, entretanto, que estes requisitos, embora compreendidos e aceitos intelectualmente, não são fáceis de serem seguidos, tanto no processo de dar feedback quanto no de receber feedback.
Diálogo
Por meio do diálogo, é possível examinar pressuposições e explorar perspectivas. Segundo Freire, o diálogo promove a criatividade e o pensamento crítico, além daquilo que ele chama de a “constante revelação da realidade”, o que permite que as pessoas deem um nome ao seu mundo de experiências e utilizem estas experiências faladas para a solução de problemas e a construção de conhecimento.
Há várias posturas sobre o diálogo a se considerar:
- Escutar: com atenção e sem resistência a cada voz e a cada relato.
- Não Julgar: respeitar pontos de vista e opiniões diferentes.
- Rever Pressuposições: estar aberto para pontos de vista que não fazem parte de sua visão de mundo.
- Investigar: ligar ideias e examinar o todo que engloba as partes.
- Refletir: sobre significados compartilhados e o processo como um todo.