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Aula 05 – Prática de Ensino a Computação I

Vídeo da Aula

Seleção e Organização do Conteúdo

Introdução

A partir da definição clara e precisa dos objetivos de aprendizagem, almejados no conjunto da capacitação e em suas atividades mais pontuais, podemos prosseguir com o planejamento de ensino, selecionando o conteúdo programático, ou seja, selecionando o conjunto de conhecimentos, fatos, conceitos e ferramentas que podem efetivar aqueles objetivos.

Para tanto, o conteúdo selecionado deve:

  • auxiliar no alcance dos objetivos definidos;
  • ser significativo dentro do campo do conhecimento;
  • ser adequado aos interesses e experiências anteriores dos aprendizes, contribuindo para o seu desempenho;
  • ser aplicável à situação real de trabalho;
  • estar de acordo com a carga horária disponível.

Note que a previsão de conteúdos, baseada em adequado diagnóstico da realidade, propicia, entre outros aspectos, indicações valiosas quanto a conteúdos dominados, conteúdos a recuperar e conteúdos passíveis de enriquecimento.

Sequência e Estrutura Lógica do Conteúdo

Após a seleção do conteúdo, o facilitador de aprendizagem deve pensar na sua organização, isto é, estabelecer a disposição dos temas, tópicos ou itens de forma sequencial e lógica, encadeada e hierarquizada, visando facilitar a compreensão da capacitação e favorecer a aprendizagem.

Assim, o facilitador analisará, cuidadosamente, o conteúdo selecionado, distribuindo-o pelo tempo disponível, de maneira que todas as aulas sejam adequadamente aproveitadas. Desta maneira, evitará aulas em que os aprendizes recebam acúmulo de informações e aulas em que fiquem ociosos.

Conforme acentua Robert Gagné (1965), a importância de esquematizar a sequência de aprendizagem reside no fato de que esse procedimento nos capacita a evitar erros que se originam da omissão de etapas essenciais na aquisição do conteúdo relativo a um determinado campo de conhecimento.

Para o autor, seria bastante cômodo, por exemplo, que uma pessoa pudesse progredir até a capacidade de organizar frases em uma língua estrangeira, sem ter aprendido anteriormente a utilizar palavras separadamente. Na realidade, porém, este salto não pode ser feito e, se o tentarmos, pode resultar em sério bloqueio que poderá permanecer por longo tempo.

Tentativas de passar “por cima” de certas habilidades essenciais na matemática, por exemplo, podem levar a consequências semelhantes. Em verdade, o mesmo acontece com quase todos os assuntos.

Acompanhar uma sequência lógica previamente planejada e, dessa maneira, evitar a omissão de conteúdos e de habilidades necessárias como requisitos prévios em qualquer caminho que conduza à aprendizagem, parece ser um processo de grande importância, que deve ser adotado para se alcançar eficiência no ensino.

Portanto, a organização dos conteúdos deve obedecer:

  • sequência lógica, coerente com a estrutura e o objetivo do curso;
  • gradualidade na distribuição adequada de pequenas etapas, considerando a experiência anterior dos participantes;
  • continuidade que proporcione articulação entre os conteúdos.

Finalmente, ressaltamos que devemos buscar um currículo integrado, ou seja, a elaboração de uma proposta de ensino que permita o cruzamento de conteúdos, viabilizando um processo de aprendizagem significativa e acumulativa, bem como o estímulo para que o aprendiz possa relacionar temas e construir referências teóricas mais complexas.

Estratégias e Técnicas de Ensino e Recursos Didáticos

Conceito de Estratégia

A palavra estratégia é um daqueles vocábulos que parecem fugir das definições monossêmicas. Ela é originária do grego antigo (stratègós = exército e ago = liderança) e nasceu associada à ideia do comando militar.

Por essa razão, as suas derivações sofrem, ainda hoje, a influência do sentido primitivo, a exemplo de estratagema, que originalmente significava ardil de guerra. No contexto do planejamento estratégico, como o conhecemos na atualidade, a palavra tornou-se um conceito funcional e essencial para distinguir, regra geral, a ação tencionada ou projetada.

Porém, o sentido dessa ação é significativamente diverso. Registram-se entre estudiosos e praticantes do planejamento estratégico nas organizações, a depender do contexto e das linhas de orientação teórica, distintos pontos de vista, ainda que não excludentes. Dentre eles, podemos destacar os exemplos que se seguem.

  • Estratégia como estabelecimento de um propósito organizacional em termos de objetivos de longo prazo, programas de ação e definição de prioridades.
  • Estratégia como resposta às ameaças e oportunidades em função da definição de vantagens competitivas.
  • Estratégia como um padrão ou processo de decisões coerentes, consensuais e integradas.
  • Estratégia como investimento nos recursos tangíveis e intangíveis da organização para desenvolver as capacidades que assegurarão a sustentabilidade da vantagem competitiva.
  • Estratégia como forma de pensar o futuro, integrada no processo decisório, com base em procedimentos formalizados e articuladores de resultados.

Não temos o intuito de discutir em profundidade essa questão conceitual e, se a mencionamos, é tão somente para ressaltar a complexidade do tema. O que pretendemos manter como ideia central neste curso, ainda que possa ser considerada concisa, é a definição da estratégia como um modelo de decisão coerente, unificado e integrado. Dito de outra forma, quando estivermos falando de estratégia estaremos nos referindo a decisões, que resultam em planos de ação direcionados ao cumprimento ou alcance de objetivos específicos de aprendizagem.

Estratégia de Ensino

Concebemos a estratégia de ensino como um plano geral de gestão do conteúdo (o que será ensinado?) e do processo de ensino (como será ensinado?). A estratégia declara e indica o que deve ser feito para que os resultados almejados sejam alcançados.

De acordo com Rothwell & Kazanas (1998, p.210-211), uma vez que uma estratégia de ensino é estabelecida, torna-se elemento condutor de várias atividades e procedimentos que envolvem os facilitadores de aprendizagem, isto é, fornece parâmetros para definir métodos, desenvolver materiais instrucionais, definir recursos didáticos, estabelecer meios de comunicação e orientar a condução de aulas e atividades de apoio ao ensino.

É importante ressaltar que a estratégia abrange diferentes níveis do processo de ensino. Ela pode ser macroeducativa, quando se refere à condução de um módulo ou de um curso em sua totalidade, ou microeducativa, quando envolve um plano específico direcionado à experiência de aprendizagem restrita a uma unidade ou lição dentro de um módulo ou curso.

Nos dois casos, a estratégia reúne atividades mais específicas e pontuais que concorrem para a sua consecução. Essas atividades são denominadas táticas educativas (Rothwell & Kazanas, 1998, p.212). As táticas educativas são adotadas como meio para viabilizar o plano de ação e, dessa forma, devem ser coerentes com os princípios gerais que regem a natureza da capacitação e as condições de sua realização.

Lembramos que, no contexto da sala de aula, o planejamento e a consequente construção de planos de ação (planos de aula) são fundamentais para garantir atividades coerentes e interessantes. A improvisação e desorganização do docente são fatores de desestímulo ao aprendizado, além de prejudicar aspectos básicos do processo educacional, a exemplo do uso adequado do tempo.

As aulas poderão ser mais estimulantes e surtir os resultados pretendidos se o docente fizer a previsão das atividades didáticas, em função dos objetivos de aprendizagem, revisando-as sempre que necessário para a adequação de métodos e técnicas de ensino.

Entre os aspectos que devem ser contemplados na construção e condução de um plano de aula destacam-se:

  • clareza e objetividade no que se refere aos propósitos gerais e específicos da capacitação;
  • sistematização das atividades, considerando-se, além do perfil dos participantes, as variáveis de contexto (recursos disponíveis, conhecimentos prévios e tempo disponível);
  • articulação adequada entre teoria e prática de acordo com a natureza dos conteúdos abordados;
  • prospecção e utilização de metodologias diversificadas e inovadoras, que respondam aos objetivos pretendidos e facilitem o processo de ensino-aprendizagem;
  • flexibilidade e criatividade para a adequação do plano frente a situações imprevistas;
  • revisão a atualização periódica do plano.

No caso específico do ensino dirigido ao adulto, convém considerar os princípios andragógicos no momento a definição das estratégias de ensino. As características de um aprendiz que já possui considerável bagagem de conhecimentos e experiências devem ser observadas para garantir a adoção de procedimentos que potencializem a aquisição de novos conhecimentos, estimulando a vontade de aprender do sujeito.

De uma forma geral, no contexto de um processo de ensino voltado para o reforço da autonomia, as estratégias de ensino devem evitar a mera transmissão de conteúdos e incentivar a capacidade da reflexão e senso crítico.

Para viabilizar aulas criativas e produtivas, é fortemente recomendável o uso de recursos que permitam ao aprendiz, sempre que possível, refletir sobre o seu mundo e práticas. O uso de filmes, jogos e simulações, por exemplo, podem facilitar a realização do ensino teórico-aplicado e contribuir para a realização de aulas dinâmicas e estimuladoras para os docentes e aprendizes.

 

ESTRATÉGIA

DESCRIÇÃO

Descoberta Improvisada Aprendizagem não planejada. Nenhuma orientação é estabelecida. Por exemplo: uso livre da biblioteca.
Descoberta Exploratória Livre Amplos objetivos de aprendizagem são estabelecidos. O aprendiz é livre para escolher como atingir os resultados desejados.
Descoberta Conduzida Objetivos são fixados. O aprendiz é orientado para apropriar-se de métodos que o auxiliem no processo de aprendizagem.
Descoberta Programada Adaptável Orientação e feedback são dados individualmente.
Descoberta Programada Intrinsecamente Orientação e feedback são dados de acordo com o programa pré-planejado.
Exposição Indutiva A fala do docente é o meio da descoberta (ou da aprendizagem).
Exposições Dedutivas Processo de descoberta baseia-se em leituras.
Exercício e Prática A instrução manifesta-se por intermédio da prática. Não há necessariamente a compreensão conceitual prévia.

 

Para estabelecer as estratégias de ensino, o facilitador de aprendizagem precisa seguir um roteiro lógico ou, como define Rothwell & Kazanas (1998, p.227), um algoritmo de seleção de estratégias, que compreende as seguintes indagações:

  • Que objetivos de desempenho desejamos alcançar?
  • Quais estratégias de ensino são mais adequadas para atingirmos os objetivos, tendo em vista o público-alvo e os fatores relevantes do processo de ensino-aprendizagem?
  • Qual o universo de abrangência da ação de ensino (instrução de massa, instrução individualizada, grupo de aprendizagem ou experiência direta)?

Em suma, a consonância entre objetivos propostos e as estratégias de ensino estabelece as condições adequadas para o trabalho educativo, superando a improvisação empírica, ao definir como será trabalhado cada item da capacitação.

O facilitador de aprendizagem, ao organizar essas estratégias, faz uso de métodos e técnicas. Grosso modo, o método compreende a maneira de agir e as técnicas os recursos de apoio ao processo de ensino-aprendizagem.

Ao planejar as estratégias de ensino, não é suficiente fazer uma listagem de técnicas que serão utilizadas, como, por exemplo, brainstorming, estudo de caso, dramatização. É preciso prever como utilizar o conteúdo selecionado para atingir os objetivos propostos. As técnicas estão incluídas nessa descrição. As estratégias de ensino, portanto, não são apenas coletâneas de técnicas isoladas. Elas têm uma abrangência bem mais ampla, pois envolvem a filosofia que preside o processo de aprendizagem e todos os passos do desenvolvimento da atividade de ensino propriamente dita.

Técnicas de Ensino

As técnicas de ensino surgem no processo de ensino-aprendizagem como um elemento facilitador na relação professor-aprendiz. Para todo e qualquer facilitador de aprendizagem, a escolha adequada das atividades de ensino é uma etapa importante para o desenvolvimento de suas aulas. Nessa escolha precisa-se levar em consideração o que ensinar, a quem ensinar, em que condições se dará esse processo e quando ele ocorrerá. A técnica escolhida para uma determinada etapa necessita estar adequada aos objetivos educacionais, ao conteúdo a ser ministrado e à realidade dos aprendizes.

Algumas técnicas, pela sua acentuada objetividade ou dirigibilidade, permitem o dimensionamento mais exato do tempo, isto é, uma maior facilidade em se cumprir o tempo previsto para o seu desenvolvimento. Outras, por sua característica mais participativa, podem levar a caminhos imprevisíveis. De qualquer forma, nas duas situações, o facilitador precisará manter o controle do tempo para não prejudicar o processo de ensino-aprendizagem.

Ao escolher uma técnica de ensino, faça as seguintes perguntas:

  • A técnica de ensino é adequada para o conteúdo a ser aprendido?
  • Ela motiva os participantes?
  • Ela é adequada para o tamanho do grupo?
  • Você dispõe de espaço físico apropriado?
  • Você dispõe de tempo de capacitação para empregar a técnica?
  • Você tem pleno domínio da técnica para utilizá-la?

Observe que você pode combinar algumas técnicas para criar uma atividade. Lembre-se de fazer as perguntas listadas acima, para verificar a sua viabilidade à capacitação que está planejando.

As técnicas de ensino apresentadas a seguir visam à facilitação e transformação do processo ensino–aprendizagem, que será desenvolvido entre facilitadores e aprendizes, em que cada movimento individual contribuirá para o crescimento coletivo.

Aula Expositiva – Na aula expositiva, há predominância da comunicação verbal. É o procedimento mais empregado em todos os níveis de ensino. Quando uma aula expositiva é bem planejada constitui estratégia adequada em muitas situações. É importante identificá-la como uma dentre muitas estratégias possíveis, com vantagens e limitações. É adequada para:

  • fornecer, com continuidade, informações atualizadas;
  • apresentar informações de maneira formal e direta;
  • introduzir os aprendizes em determinado assunto;
  • despertar a atenção em relação ao assunto, estimulando o grupo a ler ou a discutir um assunto;
  • transmitir experiências e observações pessoais não disponíveis sob outras formas de comunicação;
  • sintetizar ou concluir uma unidade de ensino ou curso.

A aula expositiva mostra-se pouco adequada quando os objetivos de ensino referem-se aos níveis maiselevados do domínio cognitivo – aplicação, análise, síntese e avaliação – e em relação aos domínios afetivo e psicomotor é totalmente inadequada.

Para muitos facilitadores, à frente de classes numerosas e sem dispor de recursos auxiliares, a aula expositiva constitui, na prática, a única alternativa. Assim, o que lhes cabe é cuidar para que a aula expositiva, com todas as suas limitações, alcance a maior eficiência possível.

Aula Expositiva Centrada no Professor – A exposição, no sentido clássico, fundamenta-se na ideia de que toda iniciativa cabe ao professor, que decide acerca da ordem, do ritmo e da profundidade a ser dada ao ensino. Muitos a criticam pela passividade que acarreta nos alunos, pelo privilégio dado ao papel do professor. Entretanto, o discurso de uma aula aparentemente tradicional pode conter o princípio de uma reação dos alunos, que acontecerá no pós-aula.

Exposição Ativo-Participativa – A exposição ativo-participativa, é uma modalidade alternativa à aula centrada no professor, que visa valorizar e/ou estimular o pensamento crítico do aprendiz segundo um processo de intercâmbio de conhecimentos e experiências entre quem ensina e quem aprende, ou seja, busca-se estabelecer uma relação de reciprocidade no processo de aprendizagem.

Na exposição, o facilitador de aprendizagem precisa apresentar:

  • habilidade de comunicação;
  • atitude de entusiasmo para com a mensagem;
  • interesse pelo desenvolvimento dos aprendizes;
  • valorização na participação dos aprendizes;
  • domínio dos conteúdos, bem como de conhecimentos afins.

Durante a exposição, o facilitador faz uso de recursos didáticos, frequentemente de quadro, flip-chart e projetor de multimídia. É importante observar que não é a quantidade de recursos nem a sofisticação que interessam e, sim, o seu uso adequado, levando-se em conta os objetivos estabelecidos e procurando sempre obter dos participantes uma reflexão. Assim, o facilitador de aprendizagem precisará tomar alguns cuidados específicos, como:

  • definir com clareza os seus objetivos;
  • fazer com que os aprendizes conheçam os seus objetivos;
  • identificar o nível de conhecimentos e as expectativas dos aprendizes;
  • organizar as ideias;
  • elaborar a mensagem de forma clara, precisa e concisa, a partir das características e necessidades dos aprendizes;
  • planejar a sequência dos tópicos;
  • imprimir certo colorido emocional à mensagem;
  • incluir, quando oportuno, anedotas e fatos pitorescos;
  • propor situações problemáticas para manter os aprendizes em atitude reflexiva;
  • apresentar as ideias mais importantes de formas diversas, para não provocar monotonia;
  • evitar a tentação de expor o tempo todo: convém entremear a exposição com breves discussões, exercícios e realizações de experiências simples;
  • cuidar para que o tom de voz, a altura e o ritmo não desagradem aos aprendizes;
  • desenvolver a empatia;
  • manter-se atento para as reações dos aprendizes;
  • criar em sala de aula um clima de apreço, aceitação e confiança;
  • desenvolver nos aprendizes uma atitude permanente de curiosidade em relação ao assunto;
  • criar condições para que os aprendizes ofereçam retroalimentação.

Brainstorming (Tempestade de Ideias) – O brainstorming é uma técnica intencionalmente desinibidora, utilizada para produzir e sintetizar ideias, estabelecer conclusões, incentivar o pensamento criativo e desenvolver a expressão oral. Pode ser usada por um grupo:

  • quando se deseja obter o maior número possível de ideias a respeito de um assunto ou problema;
  • na seleção dos problemas a serem abordados;
  • na identificação de suas causas; no desenvolvimento das soluções,
  • em outra atividade que o grupo julgar necessária.

Princípios

  • A criatividade é um elemento fundamental para se obter novas ideias ou propostas.
  • Todas as pessoas são criativas, e num ambiente encorajador e sem críticas essa criatividade aflora com menos dificuldades.
  • Um grupo de pessoas tem um potencial criativo expressivamente maior do que um indivíduo.
  • Potencial criativo aumenta quando se estimula o grupo a produzir uma grande quantidade de ideias num pequeno intervalo de tempo.

O brainstorming pode ser feito de maneira estruturada ou não estruturada. No brainstorming estruturado, todos os integrantes darão uma ideia quando chegar a sua vez na rodada, ou passarão a vez até a próxima rodada. Isso evita a preponderância dos integrantes mais falantes, dá a todos os participantes uma oportunidade igual para contribuir com ideias e promove um envolvimento maior de todos, mesmo os mais tímidos. O brainstorming termina quando nenhum dos integrantes têm mais ideias e todos passam a vez numa mesma rodada.

No brainstorming não estruturado, qualquer integrante lança ideias à medida que vão surgindo na mente. Tende-se a criar uma atmosfera mais relaxada, mas também há o risco dos integrantes mais falantes dominarem o ambiente. Essa técnica termina quando nenhum integrante tem mais ideias e todos concordam em parar.

Procedimentos:

  • Escreva a questão em um flip-chart.
  • Verifique se a questão está clara para todos os participantes.
  • Proporcione alguns minutos de silêncio para que os integrantes gerem algumas ideias.
  • Decida que método de brainstorming usar (estruturado ou não). É comum começar estruturado e prosseguir não estruturado.
  • Escreva no flip-chart uma ideia de cada vez, exatamente como foi enunciada. Não interprete.
  • Estimule que os participantes peguem carona nas ideias dos outros.
  • Não discuta, questione ou critique as ideias alheias, apenas as registre da mesma forma, boas ideias não devem ser elogiadas. Qualquer julgamento de valor deve ser suspenso nesta fase.
  • Após registrar as ideias, reveja a lista e clarifique o conteúdo.
  • Permita composições, modificações e eliminações.
  • Selecione ou priorize as ideias.

Discussão/Debate – É uma técnica didática que responde a vários objetivos, tais como:

  • favorecer a reflexão acerca de conhecimentos obtidos mediante leitura ou exposição;
  • desenvolver novos conhecimentos mediante a utilização de conhecimentos e experiências anteriores;
  • favorecer o enfoque de um assunto sob diferentes ângulos;
  • dar oportunidade aos aprendizes para formular princípios com suas próprias palavras e sugerir aplicações para os mesmos;
  • ajudar os aprendizes a se tornarem conscientes dos problemas que aparecem na informação obtida a partir de leituras;
  • facilitar a aceitação de informações ou teorias contrárias às crenças tradicionais ou ideias prévias.

Uma discussão bem sucedida pode ser bastante agradável tanto para os aprendizes como para o facilitador, pois se torna um verdadeiro divertimento intelectual, constituindo-se em importante exercício de liberdade.

A discussão em classe apresenta também algumas limitações. As discussões não podem ser eficientes quando os membros do grupo não dispõem dos conhecimentos necessários como requisitos prévios; a velocidade de transmissão de informação é baixa – como em alguns cursos o tempo disponível é restrito, nem sempre a discussão se torna uma estratégia eficiente.

Vem sendo adotada como a principal alternativa à aula expositiva, pois à medida que as discussões sejam bem-sucedidas o facilitador passa a reconhecê-las como estratégia mais adequada para a formulação de problemas e desenvolvimento do pensamento crítico dos aprendizes.

Todavia, a adoção dessa estratégia exige considerável habilidade didática do facilitador: para iniciar a discussão; para fazer perguntas; para estimular a participação e vencer as resistências dos aprendizes. Quando não são bem conduzidas, as discussões podem produzir efeitos indesejáveis, tais como baixo nível de participação dos aprendizes, fuga dos objetivos, animosidade entre os participantes, descontrole em relação ao tempo.

Assim, convém que as discussões sejam precedidas por alguma outra atividade, como a leitura de um bom texto, uma preleção, demonstração ou dramatização. Colocar no quadro problemas propostos pelos aprendizes, ou respostas a um problema que o professor propôs, é também um meio eficaz de favorecer a discussão.

É interessante que as questões numa discussão sejam formuladas como problemas que tenham algum significado para os aprendizes e sejam estruturadas para analisar relações, implicações ou causas de fatos ou fenômenos. Em lugar de uma pergunta do tipo: “qual a definição de …?”, formule-se uma assim: “como a ideia … se aplica a …?”.

Outra técnica adequada para estimular a discussão consiste em provocar ou destacar desacordos. Porém, é importante que isto ocorra de forma tal que a discussão mantenha um caráter mais intelectual do que emocional. É necessário que o facilitador crie um clima em que nenhuma contribuição importante seja desperdiçada e os estudantes com ideias relevantes sintam-se livres para expressar suas opiniões.

Para isto, o facilitador precisa, logo no início, demonstrar a importância da discussão para que os objetivos do curso sejam alcançados. E ao longo do processo esforçar-se no sentido de estimular a participação dos aprendizes. Algumas ações são eficazes nesse sentido:

  • dispor os aprendizes em círculo;
  • solicitar a participação dos aprendizes nas áreas que tenham reconhecida competência;
  • chamar os aprendizes pelo nome;
  • reforçar a participação dos aprendizes mediante agradecimentos, sorrisos ou sinais de aquiescência;
  • demonstrar respeito pelas opiniões pessoais dos aprendizes.

Estudo de Caso  – No estudo de caso, o que se pretende é exercitar a análise de situações reais (ou simuladas) em sala de aula. Visa à aplicação em uma situação concreta dos conceitos prendidos, buscando transferi-los para o dia-a-dia do participante. Podem ser conduzidos dois tipos de estudos de casos:

  • caso-análise, para desenvolver a capacidade analítica.
  • caso-problema, no qual se busca a solução-síntese, ou a melhor solução possível dentro dos dados fornecidos pelo caso.

No caso-análise, é importante que o facilitador não se deixe levar pela tendência natural dos participantes em chegar a conclusões únicas, já que não se buscam soluções de consenso.

Para a sua aplicação, o facilitador deverá:

  • distribuir o caso aos participantes individualmente;
  • informar o tempo disponível para a atividade, esclarecendo que, no primeiro momento, eles devem estudar o caso, orientados pelas perguntas formuladas no próprio instrumento;
  • concluído o estudo, promover debate com os participantes: 1) formulando uma pergunta a um deles e 2) estimulando o debate na sala, indagando a outro participante sobre sua concordância. O importante, nessa técnica, é que ninguém fique sem participar, nem que conceitos permaneçam obscuros;
  • fechar a atividade, destacando os aspectos relevantes e prestando esclarecimentos necessários.

Alternativamente, pode-se formar grupos depois do estudo individual, para complementação do estudo. Nesse modo, as perguntas serão dirigidas ao grupo.

Dramatização – A dramatização é uma forma de estudo de caso, uma vez que a teatralização de um problema ou situação frente aos participantes equivale à apresentação de um caso de relações humanas.

Finalidades

  • Desenvolver empatia e consequentemente uma maior compreensão do papel desempenhado.
  • Trazer para o grupo a realidade social de fora, de forma viva e sincera, para ser analisada e discutida pelos participantes do grupo.
  • Desenvolver a desinibição e a liberdade de expressão.

Aplicação

A dramatização pode ser planejada ou espontânea. A diferença entre as duas maneiras é que na dramatização planejada o facilitador escolhe o assunto e os papéis e os distribui entre os participantes, instruindo-os sobre como atuar.

Montagem

  • Liberar e delimitar um espaço para cena e para os observadores.
  • Anunciar o exercício, determinar o tema, distribuir os papéis (se dramatização planejada).
  • Informar o tempo de duração do exercício, tanto o determinado para o preparo (planejamento e ensaio, se for o caso) quanto o destinado à apresentação ou representação.
  • Após a apresentação, discutir com os participantes as experiências, conclusões, conceitos e aplicações resultantes do exercício.

Estudo Dirigido – O estudo dirigido é uma técnica de ensino que visa desenvolver o pensamento reflexivo e a análise crítica do aluno, em contraposição à simples memorização.

Com essa técnica, a atuação do facilitador é direta e está sempre voltada para as capacidades e deficiências específicas dos aprendizes, que trabalham em aula, ou fora dela, um texto (capítulo de um livro, um livro, um artigo, etc.) mediante um roteiro de estudo elaborado pelo facilitador. Esse roteiro precisa estimular a leitura, a compreensão, a análise, a interpretação, a comparação
do texto, conduzindo o aprendiz a uma consideração mais reflexiva sobre a leitura.

Para a educação de adultos, a busca de solução de uma situação é a mais indicada. Uma situação-problema é aquela em que nem todos os dados são conhecidos. A procura destes dados é que caracteriza um estudo dirigido, que pode ser aplicado individualmente ou em pequenos grupos.

Grupo do Cochicho – Consiste em dividir a turma em duplas para discussão de um tema qualquer. É uma técnica bastante informal, de fácil organização, aplicável a grupos grandes e que favorece a participação total da turma.

Mostra-se muito útil para criar o máximo de oportunidades à participação individual e para possibilitar a expressão das características heterogêneas dos membros em relação a conhecimentos, experiências e opiniões pessoais. Também serve para proporcionar alguma descontração aos alunos depois de uma exposição mais ou menos longa.

Grupo de Verbalização e Grupo de Observação (GV/GO) –  Objetivos:

  • Aprofundar um tema.
  • Desenvolver a capacidade de: atenção; percepção; saber ouvir; observar e manter o grupo coeso e atento em torno do tema.

Procedimentos

O facilitador divide os participantes em dois grupos concêntricos.

GV/GO
GV/GO

Em seguida, define claramente para o Grupo de Verbalização uma situação-problema ou um texto para discussão e esclarece que o grupo terá um tempo determinado para discutir e apresentar conclusões.

Para o Grupo de Observação, o facilitador de aprendizagem esclarece que o seu papel será o de anotar tópicos que exigem aprofundamento e perguntas que fariam se estivessem no GV.

Expõe as regras que se seguem a todos os participantes.

  • No GV todos devem participar da discussão.
  • No GO ninguém pode falar, apenas observar.

Após o tempo pré-determinado, o facilitador inverte a posição dos grupos, ou seja, o GV ocupa a posição de observação, e vice-versa. O novo Grupo de Verbalização continua a discussão em função das anotações feitas na primeira fase.

Finalmente, em grupo aberto, o facilitador realiza o fechamento do assunto, complementando aspectos não abordados.

Leitura Comentada – A leitura comentada é uma técnica que poderá ser utilizada para comunicações curtas e apresentações de textos informativos e de conhecimento técnico, cuja compreensão necessite de orientação adicional do facilitador.

O facilitador poderá:

  • distribuir o texto e informar sobre a técnica;
  • pedir aos participantes que leiam alternadamente parágrafo por parágrafo, comentando ou solicitando que eles comentem sobre o que foi lido;
  • ao final, sintetizar as principais informações contidas no texto.

Painel Simples – Esta técnica consiste em fracionar um grupo grande em pequenos grupos (de quatro a seis integrantes), visando:

  • facilitar a discussão;
  • estimular a participação individual nos pequenos grupos;
  • analisar um texto ou situação-problema com maior profundidade;
  • fazer um levantamento dos diversos pontos de vista sobre o texto ou problema;
  • explorar diversos conteúdos inter-relacionados em menor espaço de tempo.

Observe que cada grupo analisará um aspecto ou parte de um determinado texto ou todos analisaram o mesmo texto ou situação-problema.

Para produzir bons resultados no caso da situação-problema, é necessário que os aprendizes identifiquem claramente os objetivos da discussão e estejam preparados para serem concisos em suas intervenções.

Para a análise de texto, o facilitador de aprendizagem precisará ter o cuidado para que todos leiam (e entendam) o texto por inteiro. Isso se aplica mesmo quando o grupo estudar apenas parte desse texto, no caso do facilitador tê-lo fracionado em partes e as distribuído pelos grupos, visando discuti-lo com mais profundidade e ganho de tempo.

Convém, nos dois casos, que o grupo escolha, logo no início da discussão, um representante para proceder ao relato final das conclusões.

O facilitador poderá auxiliar os grupos, movimentando-se entre eles para prestar esclarecimentos e avaliar o seu progresso. Se necessário, o tempo poderá ser prorrogado, mas o facilitador deverá avisar acerca de seu esgotamento um minuto antes.

O facilitador cuidará para que cada um dos grupos apresente suas conclusões em plenário, permitindo a participação dos demais.

Ao final, realizará o fechamento da atividade: sintetizará as conclusões e principais contribuições dos grupos, reforçando conceitos e extrapolando o conteúdo para a realidade prática.

Painel Integrado

A técnica do painel integrado pode ser utilizada quando o objetivo de aprendizagem é discutir informações sobre as quais se julga necessário haver um consenso mínimo, obtido a partir de intensa participação na discussão grupal.
Note que, no aspecto do relacionamento, é possibilitada a integração grupal pelo aumento do nível de comunicação, tendo em vista que a característica central do painel integrado é que o relacionamento entre suas fases é feito mediante a comunicação entre os participantes.

fase

Inicialmente, o facilitador divide os participantes em pequenos grupos que, nessa primeira fase, se reúnem para estudar um texto, responder questões ou propor a solução de um problema. Nesse momento, desenvolve-se um trabalho quase igual à discussão em pequenos grupos, com uma diferença formal: não se escolhe um único relator de conclusões. Todos, sempre a partir da decisão grupal, elaboram uma síntese que lhes dará condição de atuar na fase seguinte.

Outro detalhe significativo é que cada integrante assume uma letra, o que nos leva ao diagrama que se segue, ao considerarmos uma turma de dezesseis pessoas no total, dividida em quatro grupos.

Grupos e seus membros na fase 1
Grupos e seus membros na fase 1

2ª fase

Nessa fase, todos os membros dos grupos iniciais buscam a integração com representantes dos outros grupos, ou seja, todos os da letra “A” formam um novo grupo, todos os da letra “B” também, e assim por diante, criando-se a seguinte configuração:

Grupos e seus membros na fase 2
Grupos e seus membros na fase 2

O novo grupo escolhe um único relator e cada participante expõe o sentido geral do texto ou tarefa do seu grupo original e as conclusões a que se chegou, detalhando pontos pendentes ou antagonismos conceituais que impediram um consenso.
Esse material é rediscutido pelo novo grupo, sendo a base para a elaboração de uma síntese das sínteses, integrando ideias e posições.

3ª fase

A última fase é o plenário, em que cada relator exporá a síntese do seu grupo, realizando-se, pela discussão, uma conclusão final mais ampla, integrada e enriquecida.

Cuidados Práticos que o Facilitador Precisa Ter ao Usar a Técnica

  • Insistir para que as conclusões a serem transmitidas estejam redigidas, evitando-se possíveis lapsos de memória comprometedores da comunicação.
  • Observar, buscando interferir o mínimo possível na dinâmica dos grupos, se, na primeira fase, os participantes estão trabalhando também com o objetivo de garantir uma boa comunicação para a fase posterior (a de integração).
  • Acompanhar de perto a fase de integração, registrando se há disfunções importantes a corrigir. Lembrar que a chave do painel integrado é a boa comunicação na segunda fase.
  • Definir o tempo das fases e coordenar a integração.

O primeiro desafio significativo para o facilitador é elaborar uma abertura motivadora e envolvente para a oficina que irá realizar. A finalidade da etapa introdutória é estabelecer um ambiente acolhedor de aprendizagem e proporcionar oportunidades para refletir e dialogar sobre os principais tópicos da oficina. É um momento importante, pois irá definir o contexto da oficina em termos de energia, motivação e expectativas para o resto do tempo em que as pessoas irão passar juntas. Deve refletir um clima positivo e empolgante, que prenda a atenção e o interesse dos participantes.

Para criar um ambiente acolhedor desde o momento em que os participantes entram na sala no primeiro dia do treinamento, é útil considerar os seguintes passos:

  • apresentar os facilitadores aos participantes;
  • criar oportunidade para os participantes se apresentarem uns aos outros informalmente ou por meio de alguma atividade de aquecimento ou formação de grupo;
  • identificar as expectativas dos participantes;
  • apresentar e negociar a programação;
  • dar informações sobre a logística;
  • estabelecer acordo referente ao horário do almoço, intervalos, o uso de telefones, fumar, horário de início e encerramento, etc.;
  • rever o objetivo, o tema e os resultados esperados.

Iniciando o processo participativo

Após a fase de abertura, os facilitadores começam a desenvolver as atividades relativas ao tema da oficina. Veja a seguir um resumo dos passos que orientam e facilitam este trabalho.

Explicando a atividade:

  • Descreva os objetivos específicos da atividade de aprendizagem.
  • Dê instruções claras para a tarefa, inclusive por escrito.
  • Informe quanto tempo estará disponível para realizar a atividade, deixando claras as expectativas em termos de relatório.
  • Proporcione uma oportunidade para os participantes fazerem perguntas de esclarecimento ou expressar preocupações antes de começarem a atividade.

Organizando o formato da atividade

Determine padrões de comunicação e interação em relação à atividade (individual, em duplas ou em grupos pequenos). No caso de dividir os participantes em duplas ou em grupos pequenos, defina a técnica de seleção antes de apresentar a atividade. Seguem exemplos de técnicas para formação de duplas ou os grupos pequenos:

  • numere as pessoas de acordo com o número de grupos necessários, para que depois os iguais se juntem;
  • utilize símbolos. Prepare folhas de papel contendo o mesmo número de símbolos que o número de grupos necessários. Cada pessoa escolhe um símbolo e se junta com as que tiverem o mesmo símbolo;
  • defina os grupos antes. O facilitador define os grupos previamente e afixa a relação na parede;
  • permita a autoseleção. Pedir que os participantes formem grupos de acordo com seus interesses (ou seja, tópicos ou temas são relacionados numa lista e os participantes se inscrevem).

Conduzindo a atividade

Durante a realização da atividade, dê orientação e ajuda conforme necessário ou conforme solicitado pelo grupo. É importante monitorar as atividades, sem porém interromper o progresso do grupo. Pode ser necessário que o facilitador:

  • providencie recursos adicionais;
  • esclareça, respondendo perguntas;
  • ajude com a realização da tarefa;
  • observe as interações entre os participantes;
  • monitore o tempo.

Resumindo a atividade

A forma como se resume a atividade dependerá dos objetivos específicos e dos resultados esperados. Pode não ser necessário apresentar para o grande grupo os resultados. Contudo, mesmo neste caso, ainda deve haver um mecanismo de resumo, de modo a fazer a ligação entre esta experiência e um aprendizado anterior, ou entre a experiência e o próximo tópico ou atividade da oficina.

Se for necessário apresentar os resultados da atividade para o grande grupo, pode-se utilizar um dos seguintes métodos:

  • o facilitador pede aleatoriamente os comentários ou observações dos participantes;
  • cada grupo apresenta uma questão ou aspecto diferente da atividade;
  • todos os grupos respondem a mesma questão, complementando a partir das respostas já apresentadas;
  • cada grupo apresenta uma só questão ou observação chave;
  • cada grupo exibe seus resultados em papel flip-chart no centro de sala e os participantes “visitam” a exibição para ver o que os outros fizeram.

Depois de compartilhar as informações, será necessário trabalhar coletivamente com os participantes para identificar semelhanças, diferenças, questões-chave e encaminhamentos.

Além da responsabilidade de criar um ambiente envolvente e participativo, outro desafio significativo para os capacitadores ao planejarem e orientarem atividades, é a determinação de cronogramas e resultados esperados. O plano de uma oficina deve proporcionar estrutura e sequência, porém também precisa ser flexível o suficiente para permitir que atividades não planejadas e espontâneas possam surgir no decorrer da oficina.

Existem várias maneiras de criar um plano flexível, como por exemplo:

  1. Ter atividades de “reserva” ou “Plano B” já preparadas para alternar com as atividades planejadas ou para acrescentar às mesmas. À medida que a oficina se desenrolar, os capacitadores precisam avaliar constantemente o progresso e o impacto da mesma. Em algumas situações, será necessário adequar ou alterar o formato, dependendo das necessidades dos participantes.
  2. Incluir atividades flexíveis em seu plano. Estas atividades podem ser ampliadas, reduzidas ou eliminadas, dependendo do tempo disponível e da experiência dos participantes.

Guia para Elaboração de uma Atividade

Sugestão de um roteiro para elaborar uma atividade sobre um tema.

Propósito e objetivos

Qual o propósito desta atividade? O que desejamos que os participantes realizem no fim da atividade?

Introdução

Como iremos introduzir esta atividade aos participantes? Há alguma ligação com qualquer atividade previamente programada? Onde ela se enquadra em termos de sequência da oficina?

Teoria

Qual é a teoria que sustenta ou fornece o fundamento para esta atividade? Como iremos apresentar o conceito teórico?

Atividade

Com que ação ou atividade os participantes estarão envolvidos? O que eles irão descobrir durante a atividade?

Resumo

Como iremos concluir a atividade? É possível relacionar ou ligar esta atividade com o próximo segmento do evento de aprendizagem?

Recursos Didáticos

Recurso didático é todo e qualquer recurso físico utilizado no contexto de uma estratégia ou técnica de ensino, a fim de auxiliar o facilitador de aprendizagem a transmitir a sua mensagem ao aprendiz, e este a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente. Exemplos: flip-chart, quadro, cartazes, textos, objetos, filmes, projetor multimídia.

Importante lembrar que os recursos não substituem o facilitador. Eles devem ajudá-lo a manter uma atitude de diálogo com o grupo e uma comunicação mais efetiva com os aprendizes, concretizando o ensino, tornando-o mais próximo da realidade e, assim, facilitando a aprendizagem.

Recursos visuais bem elaborados servem de apoio para apresentações, mas devem ser usados de forma equilibrada. Eles devem ser preparados parcial ou totalmente antes da oficina, para que estejam disponíveis à medida que esta se desenvolve. Assim, o fluxo de informações fica constante e o ritmo não é quebrado. Também podem ser criados espontaneamente a fim de captar conceitos e ideias gerados pelos membros do grupo enquanto trabalham. O facilitador precisa estar preparado para criar, no ato, recursos visuais adicionais para suprir as necessidades do momento. (Honsberger e George, 2002, p.69)

Para que os recursos didáticos realmente colaborem no sentido de melhorar a aprendizagem, deve-se ter em vista:

  • os objetivos a serem alcançados. Não utilizar um recurso didático só porque está na moda;
  • o conhecimento suficiente do seu manuseio, para poder empregá-lo corretamente;
  • o conteúdo a ser apresentado, alguns conteúdos exigem maior utilização de recursos que outros;
  • as condições ambientais, que podem facilitar ou, ao contrário, dificultar a utilização de certos recursos;
  • o tempo disponível: a preparação e a utilização dos recursos exigem determinado tempo e, muitas vezes, não se dispõe desse tempo.

Assim, por exemplo, utilizar um filme pode ser um recurso excelente para introduzir um assunto novo ou ilustrar um tema em discussão, mas se utilizado apenas para preencher o tempo ou porque algum colega facilitador já o utilizou com sucesso pode ser um desastre. A utilidade de cada recurso didático existe na proporção em que contribui para o estímulo dos aprendizes e cumprimento do planejamento.

Além disso, o facilitador de aprendizagem precisa estar atento para o fato de que o material instrucional constitui um importante recurso didático, cuja qualidade pode desempenhar um papel decisivo quando se trata de garantir a atenção dos aprendizes. O material pode e deve informar sobre os objetivos da aprendizagem e, sobretudo, deve servir como estímulo para o aprendiz recordar o que eles aprenderam e em que circunstâncias podem aplicar os resultados dessa aprendizagem. O material bem estruturado permanece como um guia, e fonte de consultas, contribuindo para a retenção e transferência de conhecimentos. Tendo em vista sua importância, é recomendável que o facilitador de aprendizagem reserve parte do seu tempo para formulá-lo mediante a realização de pesquisa de conteúdos, adequação de linguagem e de padrão visual, adequando-os aos propósitos do ensino, ao perfil dos alunos e às estratégias de ensino estabelecidas.

Criando e distribuindo apostilas e impressos

  • Elaborar páginas atraentes e de fácil leitura para que as pessoas escutem o facilitador e o grupo em vez de se distraírem pelo fato de ter que se compenetrar na leitura.
  • Deixar espaços em branco para que as pessoas possam acrescentar suas próprias anotações.
  • Citar fontes de citações, de leituras adicionais e artigos.
  • Colocar títulos nas páginas e numerá-las para facilitar a referência durante a oficina.
  • Considerar a criação de um manual do participante que contenha todos os materiais distribuídos (a distribuição de uma série de materiais um por um no decorrer de uma oficina pode atrapalhar e tomar muito tempo. Em vez disso, peça para os participantes abrirem o manual na página em questão.). (Honsberger e George, 2002, p.69)

Tipos de Recursos Didáticos

Quadro de Giz / Quadro Branco

Ninguém que tenha entrado em uma sala de aula desconhece o quadro de giz. É considerado por muitos apenas como equipamento de sala de aula. Quando usado de maneira adequada, torna-se um excelente recurso visual.

Usos

  • Apresentar esquemas, resumos.
  • Registrar dados.
  • Transcrever e resolver exercícios.
  • Apresentar graficamente os tópicos complexos e abstratos.
  • Orientar sobre as tarefas a serem desempenhadas.

Vantagens

  • É um recurso sempre presente nas salas de aula.
  • Pode ser utilizado facilmente: não exige habilidades especiais nem equipamentos dispendiosos.
  • Facilita a correção e as alterações nos assuntos apresentados.
  • Torna possível a participação efetiva da classe: os alunos podem utilizá-lo nas suas apresentações.
  • É um recurso econômico.

Diretrizes de uso

  • Estar limpo.
  • Dividi-lo em três partes, distribuídas da seguinte maneira:
    • 1a parte – data, assunto e resumo da matéria a ser exposta;
    • 2a parte – desenvolvimento da matéria e
    • 3a parte – usada para rascunho, contas.
  • Letra legível, com a escrita mantendo-se uniforme a alinhada.
  • Organização.
  • Utilizar giz/canetas para quadro branco de cores diferentes quando houver a necessidade de ressaltar algo.
  • Fazer os registros dentro de uma sequência lógica.

Não se deve

  • Fazer anotações desordenadas e desnecessárias.
  • Apagá-lo com a mão ou papel.
  • Deixar de apagá-lo após a exposição.
  • Fazer rabiscos.
  • Escrever excesso de informações.

Flip-Chart

Bloco de folhas organizado em um cavalete sobre uma base de madeira que lhe dá sustentação. Pode ser usado para ilustrar pontos de uma aula durante o seu transcorrer ou ser preparado previamente.

Utilizar flip-chart quando:

  • existir necessidade de enfatizar informações chaves e aumentar a retenção das mesmas;
  • pontos de vista divergentes forem sendo apresentados;
  • conteúdo e conceitos forem gerados pelo grupo;
  • existir necessidade de captar a linguagem que está sendo utilizada pelo grupo.

Criando flip-chart

  • Escrever em letras de forma para facilitar a leitura.
  • Escrever com letras grandes o suficiente para que o grupo inteiro possa lê-las.
  • Utilizar uma variedade de marcadores coloridos para despertar interesse e dar ênfase; utilizar vermelhos e alaranjados apenas para destacar, e não para escrever texto.
  • Colocar um título em cada página e indicar quando um tópico passa de uma página para outra.
  • Não escrever anotações em lápis nos flip-chart preparados com antecedência (dificilmente os participantes perceberão).
  • Colocar um pedaço de fita crepe dobrada na lateral de cada folha de flip-chart em que se inicia um tópico, marcando também o título do mesmo, a fim de facilitar a localização da folha.

Anotando em flip-chart

  • Anotar apenas as principais ideias.
  • Pedir ao co-facilitador ou a um participante para escrever.
  • Pedir para o grupo monitorar o que está sendo escrito, a fim de corrigir interpretações errôneas ou omissões.
  • Identificar ideias repetidas e assinalar a conexão entre comentários relacionados.
  • Anotar as informações de tal forma que possam ser utilizadas pelo grupo futuramente ou na elaboração de um relatório de acompanhamento.

Cartazes

Usos

  • Ilustração de aula.
  • Roteiro de aula.
  • Contribuir para a fixação do tema.
  • Permitir a visualização da estrutura do assunto.

Vantagens

  • Despertam a atenção do aprendiz.
  • Facilmente confeccionáveis.
  • Apresentam custo baixo.
  • Podem ser confeccionados pelos aprendizes, servindo como fator de desenvolvimento da criatividade e estimulando o trabalho em equipe.
  • Permitem a preparação prévia do roteiro da aula.

Diretrizes de uso

  • Usar letras de mesmo tamanho e uniformes.
  • Utilizar cores fortes (preto, vermelha, azul, verde) na escrita.
  • Usar a cor vermelha quando se deseja destacar uma palavra.
  • Utilizar o menor número de palavras possível, pois isso facilita a leitura.
  • Distribuir bem a letra e os espaços.
  • Utilizar, de forma adequada, os três elementos visuais do cartaz: ilustração, texto e cor.
  • Usar como ilustração fotografias, desenhos ou gravuras.
  • Letreiros importantes devem ser feitos em tamanho grande os menos importantes em tamanho menor.

Não se deve

  • Usar letra miúda e cursiva.
  • Fazer uso excessivo de cores.
  • Fazer demarcações e anotações a lápis.
  • Utilizar quantidade excessiva de cartazes.
  • Dividir as palavras.
  • Utilizar todo o espaço externo do cartaz (beiradas).
  • Usar cartazes sujos, amassados, rasgados.

Projetor de Multimídia (data show ou canhão)

O projetor de multimídia é um recurso multimídia que virou moda entre os que gostam de dinamizar sua apresentação, utilizando o aplicativo Power Point.

Vantagens

  • Equipamento leve e de fácil manuseio.
  • Permite a conexão com sistemas de multimídia, facilitando a projeção de imagens em movimento e trilhas sonoras.
  • Ideal para espaços amplos e grandes plateias.
  • Pode ser conectado a computadores, notebook, televisores e DVD.

Limitações

  • Requer outros equipamentos (computador com um sistema de multimídia).
  • Requer o apoio técnico para a instalação quando o usuário não possui muita familiaridade com o equipamento.
  • Baixa potência do som. Se o apresentador desejar um som de qualidade deve ligá-lo a um amplificador de som.

Administração do Tempo

É sempre bom lembrar… Um dos elementos a ser observado no planejamento de ensino é o tempo, pois a determinação da carga horária encontra-se na dependência dos conteúdos e das estratégias de ensino a serem aplicadas. Uma vez estabelecidos os objetivos específicos, os conteúdos e as estratégias, o tempo será distribuído de modo a favorecer o cumprimento das etapas do processo de ensino e a aprendizagem dos aprendizes. Cabe ao facilitador administrar o tempo de maneira que o processo de ensino-aprendizagem seja sempre otimizado.

 

 

 

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