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Aula 04 – Prática de Ensino a Computação I

Determinação de Objetivos de Aprendizagem

Já vimos que planejar é, em sentido didático, prever a condução de uma atividade educativa indicada em termos de objetivos de aprendizagem a serem alcançados. Para elaborar o plano de uma aula ou de uma apresentação de conteúdos, é imprescindível a determinação prévia do que se pretende realizar: a fixação de diretrizes, de metas, do alvo do seu propósito, enfim dos objetivos de aprendizagem. Mas, o que é um objetivo de aprendizagem?

Definição de Objetivo de Aprendizagem

Na literatura especializada, encontraremos várias definições, segundo os parâmetros teóricos utilizados pelos pesquisadores ou teóricos. Robert Mager (1979), por exemplo, define o objetivo como a descrição de um desempenho que o facilitador deseja que os alunos sejam capazes de exibir antes de considerá-los competentes.

Não obstante as diversas definições que possam ser apontadas, um objetivo de aprendizagem pode ser entendido como uma linha de ação que norteia todo o processo de ensino e aprendizagem.

Assim, o facilitador de aprendizagem precisa especificar de forma clara quais os resultados que se esperam alcançar com o ensino. Em outras palavras, primeiro ele decide aonde ir (estabelece objetivos de aprendizagem), depois cria e dispõe os meios de chegar lá (define estratégias) e, em seguida, verifica se realmente atingiu os objetivos propostos (avalia o processo).

Importante ressaltar que os objetivos de aprendizagem partem da determinação de metas razoáveis no contexto concreto da sala de aula e que devem ter coerência com a abordagem andragógica, ou seja, incentivar a proatividade do aprendiz para que atue como protagonista de seu próprio processo de aprendizagem.

A sua redação deve ser clara e precisa, informando à organização e ao aprendiz o que se pode esperar da capacitação, facilitando a escolha de técnicas e estratégias de ensino-aprendizagem e fornecendo bases para a avaliação do processo.

Se a formulação dos objetivos de aprendizagem tomar por base as competências mapeadas, definidas na primeira fase do DSI, pode contemplar aspectos referentes a incentivar atitudes, cultivar conhecimentos e desenvolver habilidades. Por exemplo, para se verificar na situação de trabalho se um funcionário “atende aos cidadãos, com presteza e cordialidade, levando em consideração as suas expectativas e necessidades”, é necessário que o atendente ao final da capacitação seja capaz de:

  • compreender os serviços da organização, rotinas e processos de trabalho (conhecimentos);
  • empregar os elementos de uma comunicação clara (habilidades);
  • demonstrar posturas para um atendimento prestativo e cortês (atitudes).

Dessa maneira, o desempenho será satisfatório e a competência será expressa no contexto do atendimento, ou seja, na situação de trabalho, como comportamento observável.

Atente para não confundir desempenhos que podem ser apresentados ao longo ou ao final da capacitação, em decorrência da aprendizagem realizada, com aqueles que só podem ser observados na situação do trabalho.

Mas, atente também para o fato de que a competência em ação não pode estar totalmente dissociada dos objetivos de aprendizagem. O vínculo entre desempenho pretendido e objetivo de aprendizagem auxilia, inclusive, na avaliação sobre a pertinência da capacitação como solução para os problemas detectados durante o diagnóstico ou mapeamento de necessidades.

No exemplo, “atende aos cidadãos, com presteza e cordialidade, levando em consideração as suas expectativas e necessidades”, é razoável esperar-se tal desempenho na situação de trabalho (competência em ação), ou seja, que o funcionário demonstre esta capacidade. Entretanto, não parece ser adequado restringir a sua efetividade aos objetivos da aprendizagem, porque o atendimento ao cidadão não pode ser verificado no contexto da capacitação. A capacitação pode favorecer o comportamento observável na medida em que traços qualificadores da competência são trabalhados em curso, mas a efetividade do comportamento favorável ao desempenho só pode ser observada na ação do sujeito. Em outras palavras, uma coisa é instruir o sujeito para atender adequadamente o usuário dos serviços públicos – indicando-lhe as formas e os meios mais apropriados -, outra é observá-lo em ação ou colocando em prática o seu aprendizado.

Classificação dos Objetivos de Aprendizagem Quanto ao Grau de Abrangência

1. Objetivos Gerais de Aprendizagem

Objetivos gerais de aprendizagem são aqueles que estão presentes ao longo de todo o processo da capacitação. Eles são complexos, concretos, alcançáveis a médio e longo prazo, e definem a finalidade da capacitação. Esses objetivos são úteis para delinear o curso.

Ao elaborar esses objetivos utilize verbos de sentido amplo, a exemplo de: conhecer, desenvolver, raciocinar, aperfeiçoar, compreender, adquirir, aprender, propiciar, capacitar, atualizar, habilitar, ampliar, fornecer, prover.

Exemplo de Objetivo Geral de Aprendizagem

Objetivo do Curso Didática para Facilitadores de Aprendizagem

Preparar os servidores públicos para a aplicação de métodos e procedimentos didáticos em cursos e programas de capacitação, considerando-se os fundamentos e princípios da aprendizagem de adultos e a concepção de aprendizagem experiencial de Kolb para as práticas educacionais.

2. Objetivos Específicos de Aprendizagem

São complementares e devem ser alcançados no contexto da sala de aula na medida em que se busca o objetivo geral de aprendizagem, em espaços de tempo mais curtos. Eles são simples, restritos, concretos e imediatamente alcançáveis. São aqueles previstos para serem alcançados pelo aprendiz após um determinado estudo, tarefa ou atividade didática. O cumprimento dos objetivos específicos de aprendizagem deve representar o alcance do objetivo geral de aprendizagem e, sobretudo, a aquisição dos elementos necessários para que o sujeito responda ao desempenho esperado. Os objetivos específicos de aprendizagem servem, inclusive, como parâmetro de avaliação do próprio processo de ensino-aprendizagem. Caso eles não sejam atingidos, a efetividade da capacitação pode e deve ser questionada. Em geral, os objetivos específicos de aprendizagem traduzem as capacidades que devem ser demonstradas pelos participantes ao final de um curso ou de um programa de capacitação.

Exemplos de Objetivos Específicos de Aprendizagem

Objetivos de Aprendizagem do Curso Didática para Facilitadores de Aprendizagem Ao final do curso, o participante será capaz de:

  • Identificar os fundamentos e princípios da aprendizagem de adultos.
  • Reconhecer a importância da teoria de aprendizagem experiencial de Kolb para a facilitação da aprendizagem, garantindo a adequação das estratégias de ensino às especificidades do processo de aprendizagem de adultos.

Redação dos Objetivos Específicos de Aprendizagem

Segundo Robert Mager (1979), a formulação de um objetivo específico deve:

  • descrever o comportamento final ou a conduta observável do aprendiz;
  • descrever a condição na qual se espera que o comportamento ocorra;
  • definir o critério de qualidade ou nível de desempenho satisfatório.

Para auxiliar a construção desses objetivos, podemos utilizar a matriz que se segue, lembrando que o verbo de ação é apresentado no infinitivo.

Verbo + Objeto da ação Condição Critério
Essencial Omitida quando óbvia Omitido em atividades complexas
Começa com um verbo de sentido limitado (apontar, resumir) + o que o aprendiz deverá saber ou fazer. Descreve as condições em que o desempenho será

realizado.

Descreve o quanto o aprendiz será capaz de saber ou fazer (número de acertos exigidos, limitação de tempo determinado).

Exemplo

Verbo + Objeto da ação Condição Critério
Elaborar dois objetivos de aprendizagem, após o estudo desse texto, em um prazo de dez minutos.

Em síntese, os objetivos específicos de aprendizagem precisam ser:

  • expressos em termos do desempenho esperado do aprendiz no contexto da sala de aula;
  • observáveis e mensuráveis;
  • explícitos quanto ao conteúdo ao qual o desempenho se relacione;
  • realistas e alcançáveis nos limites de um segmento de tempo;
  • complementares, contribuindo para os objetivos do curso, com coerência entre si;
  • claros, mencionando apenas um desempenho em relação aos conteúdos;
  • importantes e significativos;
  • conhecidos pelos aprendizes.

Taxonomia de Bloom

Verificamos em seções anteriores que a aprendizagem de adultos é um fenômeno extremamente complexo, envolvendo uma quantidade de variáveis difíceis de delimitar.

Entretanto, para fins didáticos, é possível estruturar-se uma série de ações encandeadas, observando os níveis de aprendizagem que se alinham num sentido hierárquico do conhecimento. Essa hierarquização desempenha um importante papel quando lidamos com a definição de objetivos de aprendizagem. Entre as várias classificações, optamos por adotar a Taxonomia de Bloom, que classifica os objetivos em três domínios:

  1. Cognitivos: abrange conhecimentos e habilidades intelectuais.
  2. Afetivos: abrange interesses e atitudes.
  3. Psicomotores: abrange habilidades motoras a serem adquiridas.

Domínio Cognitivo

Para esse domínio, a taxonomia de Bloom prevê uma hierarquia de complexidade dos processos intelectuais em seis níveis.

  1. Conhecimento – O nível cognitivo mais baixo nesta taxonomia começa com o aprendiz recordando e reconhecendo o conhecimento. Ou seja, recorda fatos, termos e princípios na forma em que foram aprendidos. Exemplo de verbos indicados para esse nível: identificar, citar, declarar, listar.
  2. Compreensão – O aprendiz progride por meio de sua compreensão do conhecimento. Entende o material estudado sem necessariamente relacioná-lo com outro. Requer elaboração (modificação) de um dado ou informação original. A elaboração ainda não será de complexidade elevada. O aprendiz usará uma informação original e irá ampliá-la, reduzi-la, representá-la de outra forma, ou prever consequências resultantes da informação original. Exemplo de verbos indicados para esse nível: resumir, classificar, reconhecer.
  3. Aplicação – O aprendiz chega à aplicação do conhecimento que ele compreende, usando apropriadamente generalizações e abstrações em situações concretas. É a categoria que reúne processos nos quais o aprendiz transporta uma informação genérica para uma situação nova e específica. Exemplo de verbos indicados para esse nível: editar, calcular, aplicar, formular.
  4. Análise – O aprendiz progride a partir de sua habilidade de analisar as situações, processo que se caracteriza por separar uma informação em elementos componentes e estabelecer relações entre eles. Exemplo de verbos indicados para esse nível: analisar, examinar, debater, diferenciar, planejar.
  5. Síntese – O aprendiz progride até a sua habilidade de sintetizar o conhecimento em novas formas de organização, combinando elementos de informação para compor algo novo, que terá necessariamente traços individuais distintos. Exemplo de verbos indicados para esse nível: elaborar, diagnosticar, estabelecer.
  6. Avaliação – O nível cognitivo mais elevado repousa na habilidade do aprendiz avaliar, de forma que ele julgue o valor do conhecimento para atendimento de objetivos específicos. Ou seja, é o juízo na confrontação de um dado, de uma informação, de uma teoria, de um produto, com um critério, ou conjunto de critérios, que podem ser internos ao próprio objeto da avaliação ou externos a ele. Exemplo de verbos indicados para esse nível: apreciar, avaliar, criticar, julgar.

Na elaboração dos objetivos específicos de aprendizagem, o verbo que exprime a conduta final deve deixar claro o nível de profundidade que se pretende atingir, segundo a escala de Bloom, e deve descrever comportamentos mensuráveis e observáveis. Portanto, devemos evitar verbos de ações ambíguas (utilizar, usar, dar, responder) ou não observáveis (pensar, refletir, sentir, compreender).

Domínio Afetivo

Para esse domínio, a taxonomia de Bloom prevê uma hierarquia no grau de internalização de determinados valores em cinco níveis.

  • Recepção – O nível afetivo mais baixo começa com o aprendiz meramente recebendo o estímulo e passivamente atendendo a ele, ou seja, o aprendiz percebe a exigência de um dado valor, dirige sua atenção para ele de modo seletivo e intencional. Verbos indicados: aceitar; acumular; atender.
  • Resposta – O aprendiz progride para atender mais ativamente ao estímulo. Assim, ele responde ao estímulo com alguma ação. Verbos indicados: apontar; aprovar; escrever.
  • Valorização – Em seguida, valoriza a atividade, participando e buscando novos modos de se envolver, ou seja, assume o valor do comunicado. Verbos indicados: apoiar; aprovar; participar.
  • Organização – O estágio seguinte é a organização de cada um dos valores a que o aprendiz está respondendo. Ele reinterpreta o valor comunicado na instrução à luz de outros valores. Verbos indicados: associar; estudar; julgar; partilhar; propor.
  • Caracterização – É a caracterização de si mesmo. Neste nível, o processo de internalização atinge o ponto em que o indivíduo passa a ser identificado pela sua comunidade como um símbolo ou representante do valor que ele incorporou. Verbos indicados: agir de acordo com; identificar-se com; integrar; mediar; praticar; revisar; solucionar; verificar.

Domínio Psicomotor

Esse domínio classifica as habilidades motoras a serem adquiridas. Verbos indicados: acionar; ajustar; calibrar; conduzir; construir; controlar; manusear; montar; operar; regular. A seguir, alguns exemplos.

Categoria: Percepção

Identificar quais os sons que geram maior irritação nos participantes, durante o exercício de relaxamento.

Categoria: Execução Acompanhada

Pilotar um balão, sob o comando do rádio do instrutor, pelo período mínimo de 30 minutos.

Categoria: Completo Domínio de Movimentos

Operar a mesa de som, durante um evento com tradução simultânea.

Vídeos da Taxinomia de Bloom

  • Uma abordagem para era digital
  • Definição Tradicional

Atividade: Parte do Plano de uma Capacitação

Objetivo

Elaborar, em dupla, parte do plano de uma capacitação, que integrará a miniaula de quinze minutos a ser ministrada posteriormente, considerando a abordagem andragógica e as contribuições de Mager e da taxonomia de Bloom para a formulação dos objetivos de aprendizagem.

Instruções

Definir os componentes básicos de parte do plano de uma capacitação, preenchendo o roteiro que se segue, escolha algum assunto da área de tecnologia da informação que a equipe tenha conhecimento.

Plano de uma Capacitação

  • Nome do evento de aprendizagem
  • Docentes
  • Período
  • Carga horária total da capacitação
  • Público-alvo
  • Número de participantes
  • Justificativa
  • Objetivo geral de aprendizagem da capacitação

Fim da aula 04.

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