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AULA 08 – MANUTENÇÃO DE COMPUTADORES I – PROEJA

Aterramento

Como já foi dito antes, os cuidados que devem ser tomados com as instalações elétricas para computadores é uma questão polêmica.

O Aterramento não foge dessa polêmica. Os engenheiros eletrotécnicos dividem-se quanto a necessidade de aterramentos. Entretanto, a maioria os defende.

Não é à toa que nas construções modernas dos países desenvolvidos já incluem sistemas de aterramento.

O aterramento de uma instalação elétrica qualquer deveria ser uma regra geral. Porém, na maioria dos casos, o aterramento é deixado de lado para reduzir custos.

O aterramento tem três finalidades básicas:

  • proteger o usuário de determinado equipamento contra descargas ou choque;
  • proteger o equipamento contra corrente de retorno ou estática;
  • proteger a rede de alimentação contra qualquer categoria de vazamento de corrente.

No caso de instalações elétricas para computadores, o aterramento é condição vital para os equipamentos. Todo equipamento eletrônico, composto por circuitos integrados (chips), deve ser aterrado para evitar danos caso haja uma corrente de retorno ou para diminuir os efeitos da estática. Os circuitos dos computadores e periféricos trabalham internamente com níveis de corrente muito pequenos.

Isso faz com que estes circuitos sejam muito sensíveis a qualquer categoria de descarga elétrica, por menor que seja. E muitas vezes, nós seres humanos, somos insensíveis a certas cargas que nos equipamentos eletrônicos são “mortais”.

Considerações Gerais

Um bom terra faz com que o gabinete dos computadores (e seu neutro interno) seja comum a todos, evitando que diferenças de tensão e potencial trafeguem de um computador a outro quando estes são conectados em uma rede local (network). Na maioria dos casos uma diferença de potencial entre computadores acaba por destruir as interfaces do computador.

Aterramento com computadores em rede

Se a empresa tiver grandes dimensões e várias malhas para ligar os micros espalhados pelo prédio, recomenda-se que as malhas estejam interligadas entre si, atentando sempre para que esta interligação não cruze por geradores de campos magnéticos ou elétricos.

Pontos Fundamentais para um Aterramento

Tipo de Haste

As hastes são feitas de aço revestido de cobre e medem em média entre 2,5 m e 3,5 m.

Tipo de Solo

Rochoso: Alta quantidade de rochas;

Saibroso: Solo que contém barro, argila etc.;

Orgânico: Solo geralmente úmido, adubado. Normalmente encontrado em jardins.

Resistividade de terrenos

No terreno orgânico é fácil conseguir um bom aterramento, em razão da baixa resistência da terra.

Quanto maior for a resistividade do solo, mais dificuldade teremos em conseguir eliminar a tensão de fuga, através do dispersor de terra.

Rede Elétrica

Devemos tomar cuidado e implementar uma rede exclusiva, independente dos demais circuitos existentes. Dessa forma evitamos que qualquer problema elétrico de um outro equipamento venha causar danos ao computador.

Cabeamento

Devemos utilizar fios de bitola (espessura) alta, ou seja, fios grossos. As bitolas recomendadas são de 1,5 a 6 mm 2.

O número de Hastes

É proporcional ao número de equipamentos que utilizarão o aterramento. A proporcionalidade (na prática) é uma haste para até cinco microcomputadores. Mas quem irá definir o número certo é o terrômetro.

Malha (Geometria) do Aterramento

Arranjos de hastes de aterramento

Obs.: 3 Metros é o espaçamento mínimo, quando não há condições de seguir as normas da ABNT que recomenda afastar as hastes pelo menos o dobro do comprimento fincado ao chão.

Exemplo: Se uma haste de 3,5 m for enterrada, a próxima deverá estar a 7 m desta.

Tipos de Aterramento

Existem basicamente três tipos de aterramento

  • Aterramento Ideal;
  • Aterramento Alternativo;
  • Aterramento Não Recomendado.

ATERRAMENTO IDEAL

Com certeza o termo aterramento vem de Terra, e isto é condição primordial para fazer um aterramento: TER TERRA.

Aqui nós vamos de uma vez por todas abominar um dispositivo vendido no comércio chamado terra eletrônico. Este dispositivo não faz o que se propõe fazer pois como foi dito: PARA ATERRAR PRECISA-SE DE TERRA e não de aparelhos milagrosos. OK?

Para um aterramento residencial precisaremos dos seguintes materiais:

  • Uma barra para aterramento (3/8” x 2,20 m)
  • Um conector para prender o fio a barra
  • Uma caixa ARSTOP
  • Uma tomada Tri-Polar
  • Um disjuntor de 10A
  • A Quantidade de fio 2,5 mm 2 da tomada ao terreno onde será enterrada a barra
  • Uma Braçadeira
  • Quatro parafusos com bucha de 5 mm para prender a caixa ARSTOP na parede

Bom já que sabemos o que precisamos, basta saber o que é chamado de aterramento ideal.

O aterramento ideal é aquele em que a diferença entre a medida do fase/neutro subtraída da medida encontrada entre fase/terra é menor e igual a dois.

Veja a fórmula:

FASE/NEUTRO – FASE/TERRA < 2 V*

*O ideal é medir o local do aterramento com um “terrômetro” (Ohmímetro muito sensível e caro) e obter a resistividade em ohms do terreno. 

Agora se depois de enterrarmos a barra de terra e fizermos todos os passos necessários para o aterramento e a diferença não chegar ao correto tomaremos os seguintes procedimentos:

Se a diferença for maior que 2 Alternativas:

  • Cavar ao redor da barra enterrada e aumentar a condutibilidade do solo com materiais condutores, como, por exemplo, limalha de ferro, sal grosso, carvão ativado etc.;
  • Comprar um produto específico nas lojas da cidade que serve para aumentar a condutibilidade do solo;
  • Enterrar outra barra para aterramento e ligar as duas em paralelo. Lembrar que se deve respeitar a distância mínima de 3 m de uma barra para a outra;
  • Se mais uma barra não for suficiente você deverá enterrar mais uma até chegar ao índice entre zero e dois.

Quando falamos em enterrar mais de uma barra para aterramento deve-se seguir algumas regras em que a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

Quando a quantidade de barras enterradas passar de 2 você deverá formar um triângulo equilátero com 3 m de lado.

Se a quantidade passar de três barras, deve-se fazer uma malha de aterramento composta por quadrados com lados de 3 m.

Obs.: Vale a pena alertar que o aterramento feito para o computador não deve ser usado de nenhuma forma por outra categoria de equipamento, somente para o computador.

Aterramento Alternativo (Também não recomendado)

Este tipo de aterramento é recomendado para pessoas que moram em prédios e não querem gastar muito dinheiro com a quantidade enorme de fios que terão que levar do micro até o chão do prédio.

Este aterramento consiste em “quebrar” a quina da parede no local onde está instalado o micro até achar a estrutura metálica da viga do prédio, depois deve-se soldar o fio que sai do terra da tomada tri-polar nesta coluna de metal.

Após feito isto deve-se medir o aterramento, se não der o cálculo correto deve-se soldar mais outros fios até que chegue ao cálculo correto.

Apesar de reconhecer que algumas vezes este tipo de aterramento funciona eu como autor do manual discordo deste tipo de prática e apresento minhas razões:

  • Cimento é isolante do prédio
  • A Barra não é contínua, ela é apenas um pedaço de ferro que está presa a estrutura de concreto
  • A Barra não toca na terra na base do prédio pois na base do edifício existe uma estrutura de cimento chamada “sapata”.
  • Da mesma forma que você aterrou seu micro na estrutura do prédio, o seu vizinho do andar de cima também poderá ter aterrado o chuveiro elétrico ou sua máquina de lavar roupas. E é bom relembrar: o aterramento feito para o computador não deve ser usado de nenhuma forma por outro tipo de equipamento, somente para o computador.

A melhor alternativa seria ou não ter aterramento (o que é pior) ou realmente gastar um pouquinho mais e fazer o aterramento lá na base do prédio.

Lembre-se: O barato sai caro.

Obs.: Pelas normas da ABNT, o aterramento considerado alternativo pelos técnicos em geral, é considerado NÃO RECOMENDADO.

Aterramento Não Recomendado

É também chamado de Aterramento Suicida ou Aterramento Roleta-Russa, pois consiste em ligar internamente na tomada tri-polar o terra no neutro.

Isto realmente funciona até que dê um curto-circuito na rua e venha a famosa corrente de retorno e como o neutro está ligado no terra entrará corrente pelo terra do micro e isto quer dizer BUMM! Ou seja, você permitiu que entrasse corrente elétrica por um local que só foi feito para sair. Algo como beber água pelo nariz. Mais se você mesmo assim quiser beber água pelo nariz, ou melhor, fazer o aterramento não recomendado aí vai o esquema:

Outros métodos de aterramento não recomendados são:

  • Aterramento Eletrônico (sem qualquer eficácia);
  • Na estrutura de metal da tomada (sem qualquer eficácia).

Nota Importante

Apesar de esta parte de aterramento estar fundamentada em vários autores conhecidos de hardware, a Associação Brasileira de Normas Técnicas, a ABNT, não reconhece em nenhuma de suas normas estas formas de aterramento apresentadas neste capítulo. A norma da NBR-5410 (Norma Brasileira 5410) não faz em nenhum momento menção a medida de aterramento em volts, pois aterramento está relacionado com a resistividade do solo e a unidade de resistência é o ohm e não o volt. Não existe nenhuma relação entre volt e ohms, pelo menos no que diz a resistência do solo. A NBR-5410 fala que o cálculo correto para um aterramento seria conforme a tabela abaixo:

  • Ente 0 e 5 ohms – Aterramento Excelente;
  • Entre 5 e 15 ohms – Aterramento bom;
  • Entre 15 e 30 ohms – Aterramento aceitável;
  • maior que 30 – Aterramento condenado.

Só é possível chegar à certeza como a um cálculo de aterramento utilizando o terrômetro. Como o terrômetro tem preço astronômico, ficamos a mercê de nossos cálculos “maceteados” sendo o que a maioria dos profissionais que trabalham com aterramento fazem: a diferença entre fase/neutro e fase/terra < 2. O nosso objetivo com esta nota é dizer que existe o método usual e conveniente, tecnicamente está errado.

Fim da aula.

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