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Aula 01 – ENSINO À DISTÂNCIA

EAD: CONCEITOS E CONTRIBUIÇÕES

A Primeira unidade de nossa disciplina pretende apresentar a Educação no contexto da Globalização, trazendo à discussão, os conceitos, as TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) e os desafios e potencialidades da Educação a Distância como modalidade de construção do conhecimento.

Contribuição da EAD para a Sociedade do Conhecimento

O primeiro tema da primeira Unidade de nossa disciplina tem como objetivo apresentar a inserção da Educação a Distância no contexto do processo educacional brasileiro discutindo sua importância para a construção do saber na sociedade do conhecimento.

O ambiente da globalização

Durante a primeira metade do século XX, mais precisamente após a grande depressão, na década de 1930 – primeira grande crise do capitalismo em escala mundial – o Estado participava diretamente da geração do produto das economias ocidentais. Esta arquitetura intervencionista ficou conhecida como o modelo de desenvolvimento de Welfare State ou Estado Previdência. Naquele modelo, diferentemente do que estamos vivenciando agora (neoliberalismo) existia um fundo público que, ao mesmo tempo, em que financiava as expansões de capital – os investimentos privados – também financiava  a força de trabalho através dos gastos sociais: educação, saúde, previdência. Essa engrenagem financeira deu fôlego à realização dos lucros ao propiciar a formação de um mercado de massa. Foi assim nos EUA, na Europa e no Brasil. (BENKO, 1995).

O esgotamento do processo de acumulação do capital, no início da década de 70, no mundo, e nos anos 90 para o Brasil, minguou o fundo público, em simultâneo, a inovação tecnológica se desenvolvia em progressão geométrica. Nesse novo modelo, que teve por base a política do Estado Mínimo, o setor capitalista produtivo sai ganhando na disputa pelo fundo público para financiar o crescimento econômico. Os cortes orçamentários atingem preponderantemente os serviços ditos estritamente sociais ou de responsabilidade pública, tais como educação, saúde, previdência e assistência social. (BENKO, 1995).

Com a crise de superprodução que eclodia no início dos anos 70 fez-se necessário ao capitalismo reinventar novas formas de sobreviver. Esse caminho foi perseguido aliado ao que se chamou de terceira revolução industrial, baseada na microeletrônica, que possibilitou a flexibilização da estrutura produtiva substituindo-se a economia de escala, calcada em grandes plantas industriais, em economia de escopo, em estruturas flexíveis e dinâmicas de produção (BENKO, 1995).

As inovações tecnológicas trazem sérios problemas em relação à dinâmica social. Na busca de vantagens competitivas no mercado internacional, os investimentos têm sido orientados, cada vez mais, para o uso de tecnologias que dispensam mão-de-obra, gerando desemprego. O desemprego, no que lhe concerne, tem sido apontado como um dos determinantes de redução dos recursos investidos nas políticas sociais, o que contribui, ainda mais, para a deterioração das condições de vida da população. (CORREIA, 2007)

Este novo paradigma, que ora vivenciamos, demandou profunda alteração no âmbito educacional, vez que o mercado de trabalho tratou de exigir um profissional também flexível, moderno, articulado com o dinamismo advindo da revolução da microeletrônica, que permitisse às empresas manterem sua vantagem competitiva num mercado cada vez mais globalizado e dinâmico. Crê-se, portanto, que a aquisição e a renovação do conhecimento, na nova lógica de acumulação capitalista, são imprescindíveis para que o indivíduo se mantenha incluso socialmente.

Nota: A revolução da microeletrônica nos anos 70 afetou substancialmente a perspectiva de algumas ciências. A certeza é substituída pelo risco e pela insegurança e a educação continuada vem sendo a saída para enfrentar o desafio do acirramento da competitividade.

A construção do conhecimento na sociedade contemporânea.

Contudo, o termo Educação que, histórica e conceitualmente, possui um significado de formação integral e humanista do homem, busca do saber, reflexão, criação e crítica, podem, contudo, estar assumindo outra conotação, mais no sentido de treinamento, conhecimento rápido e fugaz, pronto e acabado com vistas a atender a esta nova dinâmica da acumulação do capital, gerando, assim, uma forte contradição entre educação e treinamento. É como se a educação viesse perdendo a sua dimensão como um bem de uso e consolidando-se cada vez mais como um bem de troca.

Cabe aqui comentar o papel do docente nesse processo. Trabalhar com o conhecimento implica que “não se perca a capacidade de indigna-se, de problematizar e de procurar saídas para os problemas” (PIMENTA; ANASTASIOU, 2002, p.78). Significa que o professor, enquanto mediador que provoca reflexão tem a obrigação de provocar a reflexão crítica, seja na modalidade presencial de educação, seja na Educação a Distância. Segundo Nóvoa (apud PIMENTA; ANASTASIOU, 2002) essa não é uma tarefa fácil, vez que a metodologia que rege a maioria das instituições de ensino superior privilegia “processos de planejamento, execução e avaliação das atividades de forma individualista e solitária” (PIMENTA; ANASTASIOU, 2002, p. 113). Enfim, o grande desafio para a formação da identidade do docente significa quebrar as barreiras da supremacia da racionalidade técnica – o dilema entre ser a universidade uma instituição social ou uma organização, nos moldes neoliberais – utilizada como modelo básico de atuação dos docentes.

De mais a mais, nunca é demais lembrar o papel que o planejamento dos conteúdos e do docente, criativo, inovador, provocador, que busque a quebra do paradigma da educação presencial, calcada na concepção bancária da educação, ou seja, de que o “conhecimento é algo pronto e acabado, a ser apreendido através da memorização e da reprodução de conceitos ditados pelo professor”. (SACRAMENTO E SONNEVILLE, 2005, p.4). Esta é uma exigência, acreditamos que deva ser perseguida não só pela docência a distância, mas também pela presencial, atendendo aos preceitos da educação continuada a que se referiram as professoras Pimenta e Anastasiou

Tomando emprestado a definição das autoras Pimenta e Anastasiou (2002), entende-se por educação um processo de humanização que permite a inserção dos seres humanos na sociedade por intermédio da reflexão, do conhecimento, da análise da contextualização, da compreensão, do desenvolvimento de habilidades e atitudes.

Questões

Tal definição suscita, a nosso ver, dois questionamentos básicos:

  1. No Brasil todos os seres humanos que aqui residem estariam inseridos nesse processo?
  2. Os seres humanos inseridos nesse processo recebem uma educação que os leva à reflexão e à compreensão dos conteúdos dentro dos contextos de sua vida, ou seja, de sua realidade cultural?

No primeiro caso, o posicionamento do professor Gaudêncio Frigotto (2000) é bastante lúcido ao mostrar que 350 anos de escravismo e os 150 anos de república, esta pouca característica democrática, fez da educação brasileira um processo dual, portanto excludente, para a grande maioria da população de baixa renda e seletivo, por direcionar seu conteúdo à subordinação do mercado de trabalho.

Quanto ao segundo questionamento, a lógica da educação nos últimos 50 anos veio servindo, e cada vez mais, à busca da educação profissional, preparando o homem para o mercado de trabalho, cada vez mais competitivo, no atual momento da globalização. Destarte, e talvez, na maioria das vezes, se perdendo de seu propósito primeiro, qual seja o da formação integral e significativa do indivíduo aprendente.

A EaD contextualizada

A mudança do paradigma econômico, com a globalização, afetou a educação por entender que mais recursos tecnológicos, a marca do progresso desta atual era em que vivemos, significaria melhor aprendizagem. Mas que tipo de aprendizagem, a aprendizagem educacional ou instrumental? Por isso, devemos nos inquietar e refletir sobre o real papel da Educação a Distância que, de certo, se propõe a ser muito mais novo modelo de ensino do que apenas mais um instrumento educacional, do que um novo modelo de ensino.

São muitos os desafios que a EAD deverá superar. A começar com alguns questionamentos básicos: Será que o desafio da Universalização poderia ser cumprido por esta nova alternativa de ensino? Esta nova modalidade não aprofundaria ainda mais o dualismo a que Frigotto (2000) se referiu? E se mesmo que todos os lares ou municípios fossem providos materialmente para acesso à rede, a educação, ainda assim não seria seletiva?

Há quem trabalhe no sentido de buscar “lucrar” com a privatização do ensino em massa. Há também educadores sérios que pensam a EAD com desafios cognitivos, como levantado por Edith Litwin (2001), na forma de uma proposta didática mais comprometida com o conceito fundamental da educação que leve à reflexão do conteúdo ensinado. Mais tecnologia não é sinônimo de garantia de aprendizagem. O grande desafio da EAD é, portanto, o de romper com o paradigma bancário e caminhar para a hipertextualidade, e isto implica em provocar um novo processo de aculturação.

Alguns autores, como Pierre Lévy (1998), numa posição otimista, consideram a Sociedade da Informação como a possibilidade de concretização da tecnodemocracia, na qual o peão de fábrica e o empresário estariam em pé de igualdade, acessando informações no ciberespaço. Muitos profissionais da educação compartilham desse ponto de vista e, de forma acrítica, consideram as novas tecnologias como panaceia para a solução dos problemas educacionais, porque acreditam que basta garantir o acesso às tecnologias para que todos os problemas educacionais estejam resolvidos. (CORREIA, 2007).

No outro extremo, temos autores como Nicolas Negroponte que – numa posição de total aversão às inovações tecnológicas – consideram a Sociedade da Informação a consumação do totalitarismo, devido ao controle dos processos de produção e distribuição da informação, o que ocasiona a supremacia de uma determinada fonte de informação sobre as demais. Esta concepção também encontra ressonância no campo educativo, na medida em que considera a tecnologia a causa da desumanização das relações pedagógicas. (CORREIA, 2008).

Parte-se da perspectiva de que tanto uma (a favor) quanto outra (contra) posição consideram a tecnologia apenas como um artefato, como uma ferramenta, e dessa forma não apreendem o processo educacional e organizacional inerente ao uso de cada tipo de recurso tecnológico. Consideramos que só uma posição crítica nos permite a utilização dos recursos tecnológicos como parte integrante do processo ensino-aprendizagem.(CORREIA, J.,2007,p.14).

Reflexão: Consideramos que só uma posição crítica nos permite a utilização dos recursos tecnológicos como parte integrante do processo ensino-aprendizagem.

Para finalizar este primeiro tema introdutório ao estudo da Metodologia EAD deixamos uma contribuição de Agnela da Silva Giusta (2003) sobre o Relatório da Unesco: Educação para o século XXI, refletindo sobre os 4 pilares que devem nortear a educação mundial: “aprender a conhecer”, “aprender a fazer”, “aprender a conviver”, “aprender a ser”. O primeiro deles nos remete à função da educação para suscitar o prazer de compreender, de conhecer, de descobrir, ou seja, de aprender a aprender, ressaltando a função cognoscitiva da educação. O segundo revela a sua função instrumental: mobilização das capacitações, de natureza mais intelectual, contrapondo-se à mera ideia de treinamento para execução de tarefas específicas. O terceiro pilar, aprender a conviver, demonstra a preocupação de se fazer uma educação mais aberta ao diálogo e ao desenvolvimento do espírito crítico e o último pilar, aprender a ser, diz respeito ao desenvolvimento humanístico que a educação deve se propor, do desenvolvimento do homem integral, enquanto ser, capaz de formar juízos de valor, tomar decisões baseadas em princípios éticos e sensíveis, ou seja, trata-se do próprio desenvolvimento ontológico do ser humano.

Pilares de Educação

UNESCO DELLORS (1996)

EaD

Aprender a Conhecer

Significa muito mais o domínio dos instrumentos do conhecimento do que a aquisição de um repertório de saberes; implica também o “saber aprender”, pois diz respeito ao desenvolvimento do desejo e das capacidades de aprender

A EaD prega que nenhum ser humano é capaz de dar conta da infinidade de informações que circulam, hoje, no mundo. Por isso mesmo, está pautada na reflexão sobre as informações e não na aquisição delas. Trabalha sob a ótica da ressignificação de conteúdos e, com isso, na produção de conhecimento. Este conhecimento é mediado pelas TICs, que são instrumentos de acesso a informação.

Aprender a Fazer

Significa muito mais que adquirir uma qualificação profissional, mas de desenvolver competências que tornem a pessoa apta a enfrentar situações diversas e a trabalhar em equipe.

A dinâmica do EaD prepara o aluno para a realidade profissional, na medida em que o coloca em diversas situações-problemas, como o estudo de caso, análise de fatos reais, discussões com colegas, desenvolvendo nele a capacidade de gerenciar essas situações, saber discuti-las e resolvê-las em equipe

Aprender a Conviver

Significa compreender o outro, aceitar e conviver com as diferenças, respeitar o pluralismo; realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos.

A cooperação, a colaboração são vitais ao bom andamento de um curso de EaD. A noção de construir conhecimento juntos, de refletir em conjunto, faz com que as pessoas envolvidas neste processo desenvolvam a habilidade de lidar com outros (colegas e tutores).

Aprender a Ser

Desenvolver a sua personalidade agindo com autonomia, discernimento e responsabilidade pessoal; a educação como instrumento de formação integral do indivíduo.

O desenvolvimento da autonomia de um estudante de EaD é essencial para o bom andamento de um curso de EaD. É necessária para o estudante dê continuidade aos seus estudos e garanta pleno êxito em qualquer área, já que domina o “aprender a aprender”

Síntese: O tema “A Contribuição da EAD para a Sociedade do Conhecimento” abordou sinteticamente o papel da Educação a Distância, não como mais um ferramental educacional, mas um novo projeto político de Educação, em que a capacidade de nos posicionarmos criticamente é que nos permitirá utilizar os recursos tecnológicos como parte integrante do processo ensino-aprendizagem.

Atividade: Com base nos 4 pilares essenciais, segundo a Unesco, sobre um novo conceito de educação, reflita se sua aplicabilidade é consistente com a proposta de EaD. E escreva suas conclusões em um relatório com pelo menos 60 linhas e mande para o e-mail do professor com nome e turma.

Assista o vídeo “Interatividade encurta distância em ensino”:

Atividade: Como você escreveria um resumo deste vídeo para colocar em um blog da internet? Você dispõe de 30 linhas. E escreva suas conclusões em um relatório e mande para o e-mail do professor com nome e turma.

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